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Aumento das tarifas de táxi em Angola agrava crise familiar

Especialistas apontam que a recente subida das tarifas de táxi em Angola representa um duro golpe na qualidade de vida das famílias, exacerbando a insensibilidade governamental diante da pobreza existente.

há 6 horas
Aumento das tarifas de táxi em Angola agrava crise familiar

Analistas políticos expressaram hoje a sua preocupação acerca do aumento das tarifas de táxi em Angola, que consideram ser um "fardo insuportável" para as famílias que já vivem em situação de vulnerabilidade social. Segundo o analista Albino Pakisi, a crescente pressão do preço do combustível representa um dilema substancial para o Governo, que tenta alinhar-se às exigências do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para economizar anualmente cerca de 400 mil milhões de kwanzas (cerca de 373 milhões de euros) em subsídios.

"O Banco Mundial e o FMI alertaram que, caso o Governo decida aumentar os preços dos combustíveis, é imprescindível proporcionar incentivos à população para que esta não se sinta sufocada", referiu Pakisi à Lusa, ao prever um aumento subsequente nos preços de outros bens e serviços.

O analista destacou que não se limita ao preço do combustível; aumentaram também a eletricidade, as taxas escolares e os custos de transporte. "A insensibilidade com que o governo lida com estas questões pode provocar reações nas ruas, dada a evolução do custo de vida", comentou.

David Sambongo, um destacado politólogo, chamou a atenção para o impacto negativo do aumento da tarifa de transporte coletivo urbano para 200 kwanzas (0,19 euros) e para os táxis privados, que agora custam 300 kwanzas (0,28 euros) por viagem. Ele alertou que esta medida irá comprometer ainda mais a qualidade de vida das famílias angolanas, que já enfrentam sérias dificuldades para assegurar as suas necessidades básicas.

Sambongo enfatizou que, em muitos lares angolanos, a dieta dos cidadãos é limitada, e o transporte é essencial para o acesso a serviços e bens vitais. O político lembrou que a situação é alarmante, numa altura em que muitos angolanos lutam para fazer três refeições diárias. "Este aumento é uma verdadeira asfixia para as famílias", concluiu.

Ambos os analistas concordam que a resposta do Governo deverá ser mais cuidadosa e sensível à realidade dos cidadãos. Pakisi sugeriu que seria prudente para o Governo rever as suas despesas, especialmente reduzindo as vantagens excessivas dos seus membros. "Não é aceitável que o Executivo aumente os preços enquanto desfruta de subsídios que a maioria da população não tem", criticou.

Por fim, Pakisi questionou as frequentes viagens do Presidente João Lourenço, descritas como "excessivas", e referiu que, com um gasto exorbitante em deslocações, é difícil manter a boa vontade da população. Ele sublinhou que em tempos de crise, a coesão e empatia governamentais são fundamentais para evitar tensões sociais. "É vital que todos partilhem o peso da crise, não pode haver sacrifícios que apenas recaiam sobre os mais vulneráveis", finalizou.

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