Camboja pede cessar-fogo urgente à Tailândia após intensos confrontos
O Camboja solicitou um cessar-fogo imediato e sem condições à Tailândia, numa reunião das Nações Unidas, após dias de violência na fronteira entre os dois países.

Na sequência dos confrontos que eclodiram entre o Camboja e a Tailândia, o embaixador do Camboja na ONU, Chhea Keo, fez um apelo claro por um cessar-fogo "imediato" e "incondicional". A declaração ocorreu após uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se debruçou sobre a escalada da violência na região.
"Solicitamos uma resolução pacífica para o conflito", afirmou Keo, sublinhando que as partes devem mostrar contenção e buscar soluções diplomáticas. A Tailândia e o Camboja estavam a avaliar uma proposta de cessar-fogo mediada pela Malásia, enquanto os combates, que já duravam dois dias, continuavam em várias áreas da fronteira.
O embaixador questionou como a Tailândia poderia acusar o Camboja de agressão, dado que possui um exército três vezes menor e sem força aérea. A situação se agravou, e a recente violência é a mais intensa desde 2011, envolvendo combate aéreo e terrestre.
A Tailândia, por sua vez, afirmou estar de acordo, em princípio, com a proposta de cessar-fogo, mas acusou o Camboja de continuar a atacar o seu território e de agir sem boa-fé, colocando em risco os civis. O governo tailandês defende a necessidade de proteger a sua soberania e a segurança da população.
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, entrou em contato com os líderes dos dois países para enfatizar a importância de um cessar-fogo imediato. No entanto, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, denunciou a Tailândia por não respeitar o acordo, alegando que o Camboja apenas aceitou a proposta de cessar-fogo após assegurar que a Tailândia a havia aceite.
Os confrontos que começaram na última quinta-feira, após meses de tensão, foram rapidamente intensificados, com ambos os lados a responsabilizarem-se mutuamente pela eclosão da violência. A situação já se espalhou por 12 pontos de conflito ao longo da fronteira.
Totalizando até agora, a Tailândia relatou 18 mortes, incluindo 13 civis e cinco soldados, além de mais de 138.000 deslocados. O Camboja, por outro lado, confirmou apenas uma morte e 3.400 famílias evacuadas.
A história das disputas entre as duas nações acabou por extrapolar a via diplomática, com confrontos anteriores entre 2008 e 2011 resultando em cerca de 30 mortes nas imediações do templo hindu de Preah Vihear.