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Críticas da FNAM à criação de urgências regionais: risco reforçado para grávidas

A FNAM questiona a eficácia das urgências regionais, apontando que o problema da distância persiste e as grávidas continuam em risco. A ministra da Saúde promete soluções, mas a realidade é alarmante.

há 8 horas
Críticas da FNAM à criação de urgências regionais: risco reforçado para grávidas

Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), manifestou hoje a sua preocupação em relação à recente proposta do Governo de criar urgências regionais, afirmando que essa medida não resolve os problemas existentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“A criação de urgências regionais não vai resolver a questão da distância nem o problema das grávidas que têm de percorrer longas distâncias para receber cuidados. Estamos a prever uma tragédia, pois cada quilómetro a mais pode ser fatal”, advertiu Joana Bordalo e Sá.

Em declarações à agência Lusa, a líder da FNAM criticou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, por normalizar o colapso do SNS, sublinhando que a reorganização proposta é uma consequência da falta de médicos. Na prática, esta abordagem poderá significar que muitas grávidas continuarão a enfrentar longas deslocações para cuidados básicos.

Joana Bordalo e Sá lembrou dois casos fatais ocorridos recentemente, lamentando a situação alarmante em que, no ano passado, cerca de cinquenta bebés nasceram em ambulâncias, com já 36 registos este ano. “Isto não é aceitável”, destacou.

Durante a sua entrevista, Ana Paula Martins revelou que as urgências regionais fazem parte do Programa do Governo, com a promessa de que a urgência de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta estará disponível 24 horas a partir de setembro, após o reforço da equipa médica. Reconheceu que a região da Península de Setúbal enfrenta desafios significativos na área de ginecologia e obstetrícia.

Contudo, Joana Bordalo e Sá frisou que os problemas de saúde não se limitam à margem sul, citando casos de hospitais no norte, como o Hospital de Braga, que está a operar em contingência de nível 3. Também o Hospital de Aveiro terá limitações no seu serviço de obstetrícia em julho.

A FNAM fez ainda notar a ausência de soluções para outros problemas, como o facto de mais de 1,6 milhões de utentes não terem médico de família, um pilar essencial dos cuidados de saúde primários. “Sem cuidados primários adequados, os hospitais ficam sobrecarregados”, mencionou a presidente da FNAM.

Direcionando críticas ao tom da entrevista dada por Ana Paula Martins, Joana Bordalo e Sá concluiu: “As famílias não precisam de lágrimas, mas de um compromisso real e de soluções eficazes. A ministra da Saúde deveria focar-se na gestão do SNS e na responsabilidade que isso implica.”

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