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Descoberta de um novo sentido: a ligação entre intestino e cérebro

Um estudo revela que o intestino e o cérebro comunicam-se de forma direta, sugerindo um novo sentido que influencia o apetite e o humor.

24/07/2025 23:45
Descoberta de um novo sentido: a ligação entre intestino e cérebro

Um recente estudo publicado na revista Nature e referenciado pelo Science Alert, revela uma comunicação direta e sofisticada entre os microrganismos intestinais e o cérebro, propondo a ideia de que esta interação pode ser entendida como um novo sentido. Este novo 'sentido neurobiótico', conforme os investigadores da Universidade de Duke, pode ser crucial na regulação do apetite e do controlo de peso.

A investigação, liderada pelo neurocientista Diego Bohórquez, explorou se o corpo humano é capaz de detectar padrões microbianos em tempo real, em vez de apenas reagir a eles através de processos imunitários ou inflamatórios.

Os cientistas concentraram-se na proteína flagelina, presente em bactérias intestinais e já reconhecida por provocar respostas do sistema imunitário. O estudo verificou se a flagelina poderia também enviar mensagens diretas ao cérebro.

Após a administração de pequenas quantidades de flagelina a camundongos em jejum, a equipa identificou conexões entre as bactérias intestinais e o cérebro através de células do cólon conhecidas como neurópodes e do nervo vago. Observou-se que os camundongos consumiram menos alimento do que o habitual, com a flagelina a funcionar como um mensageiro.

Em ensaios adicionais, ao desativar os recetores sensíveis à flagelina em camundongos, os investigadores notaram que os animais continuaram a comer, reforçando a hipótese de que a sinalização estava a funcionar conforme esperado.

Embora já se saiba que a comunicação entre o cérebro e os sinais intestinais regula o apetite, este estudo sugere que a ativação das bactérias intestinais que desencadeia uma comunicação em tempo real através de uma gama complexa de mecanismos qualifica este processo como um novo sentido, essencial para o ajuste comportamental do hospedeiro em resposta aos microrganismos.

Ainda que sejam necessárias mais investigações para confirmar que o mesmo processo ocorre em humanos, os autores acreditam que as semelhanças entre os sistemas digestivos dos roedores e dos humanos são promissoras.

A equipa pretende ampliar a pesquisa para entender outras formas de comunicação entre o intestino e o cérebro provocadas pelas bactérias e como esses sinais evoluem ao longo do tempo. A longo prazo, esta investigação poderá contribuir para a compreensão e tratamento de distúrbios alimentares e obesidade, possibilitando o controle deste novo sentido de uma maneira benéfica.

Bohórquez ressalta a importância deste trabalho para a comunidade científica, sublinhando que uma próxima etapa envolve investigar como dietas específicas podem alterar o panorama microbiano do intestino, um fator que pode ser crucial em condições como a obesidade e distúrbios psiquiátricos.

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