Embaixador de São Tomé e Príncipe alerta para a grave situação em Loures

O embaixador de São Tomé e Príncipe em Portugal, Esterline Gonçalves Género, visitou hoje o bairro do Talude Militar e expressou a sua indignação pela falta de informação da Câmara Municipal de Loures em relação ao plano de demolição de habitações precárias. Segundo movimentos cívicos, muitos residentes são originários de São Tomé e Príncipe, bem como de Cabo Verde e Brasil.

O diplomata descreveu a situação no local como "dramática" e fez um apelo urgente para a tomada de decisões. "Se antes falávamos de indignidade, o que estamos a ver agora ultrapassa esse conceito", afirmou à SIC Notícias durante a sua visita, que foi feita com o intuito de oferecer apoio humanitário, incluindo tendas e alimentos, aos que ainda permanecem nas áreas afetadas, apesar de já terem sido demolidas 55 das 64 habitações.

Gonçalves Género lamentou não ter recebido informações sobre a operação de demolição e revelou que tentou entrar em contacto com o presidente da câmara sem sucesso, embora tenha almoçado com a vice-presidente em julho, onde considerou que deveria ter sido informado sobre a situação.

A operação de demolição, que teve início na segunda-feira, visava eliminar construções precárias onde habitavam 161 pessoas. Foram demolidas 51 casas no primeiro dia e mais quatro no segundo, mas a operação foi suspensa devido a uma providência cautelar interposta por 14 moradores.

A Câmara Municipal de Loures está a apoiar 14 das 55 famílias afetadas, enquanto outras 14 encontraram abrigo junto de familiares. Três famílias continuam a receber apoio de pernoita e 10 famílias estão a beneficiar de auxílio alimentar. Além disso, cinco famílias conseguiram arrendar casas, com apoio para o pagamento do depósito e do primeiro mês de renda, conforme informações da autarquia.