Escândalo em Bangladesh: Ex-primeira-ministra autorizou uso de força letal contra protestos
A ex-primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, é acusada de ter dado ordens para a utilização de força letal em manifestações que resultaram em mais de 1.400 mortes em 2024.

A ex-primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, foi acusada de ter autorizado o uso de força letal contra manifestantes durante os protestos que levaram à sua queda em agosto de 2024. A grave afirmação surge na sequência da divulgação de uma gravação de áudio pela BBC, onde Hasina é ouvida instruindo as forças de segurança a utilizarem "armas letais" contra os protestantes "onde quer que os encontrem".
As ordens foram dadas em meio a intensos protestos que começaram de forma pacífica e culminaram numa revolta popular, apelidada de "Revolução de Julho". Esta revolta resultou em mais de 1.400 mortes, segundo um relatório da ONU, com incidentes brutais registados, como o caso do dia 5 de julho, onde 52 pessoas foram mortas em Jatrabari, Daca, após a polícia disparar indiscriminadamente.
No documentário da BBC intitulado 'A Batalha pelo Bangladesh', são reveladas também informações sobre a utilização de espingardas de uso militar pela polícia durante os protestos. A Liga Awami, partido de Hasina, nega qualquer responsabilidade no uso excessivo da força, defendendo que as suas ações foram proporcionais e visavam a proteção da vida.
Sheikh Hasina, que exerceu o cargo de primeira-ministra entre 2009 e 2024, enfrenta várias acusações, incluindo crimes contra a humanidade. Segundo o procurador-geral do Bangladesh, Mohamed Tajul Islam, Hasina será detida se tentar regressar ao país. A ex-primeira-ministra encontra-se atualmente na Índia, para onde fugiu em 5 de agosto após os protestos.
Recentemente, Hasina foi condenada à revelia a seis meses de prisão por injúria, devido à publicação de uma conversa nas redes sociais com um membro do seu partido. O tribunal também condenou Shakil Akanda Bulbul, que se encontra em fuga, a dois meses de prisão.
A crise política em Bangladesh continua a agravar-se, com mandados de detenção emitidos contra Hasina, enquanto a Índia se recusa, até ao momento, a cumprir os pedidos de extradição das autoridades bangladeshianas.