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Escutas do motorista revelam jantares entre Sócrates e Salgado

O Ministério Público utilizou escutas do motorista de Sócrates para contestar as declarações do ex-primeiro-ministro sobre a sua relação com Ricardo Salgado.

09/07/2025 16:30
Escutas do motorista revelam jantares entre Sócrates e Salgado

Na continuidade do julgamento da Operação Marquês, o Ministério Público (MP) apresentou escutas do motorista de José Sócrates, visando demonstrar que o ex-primeiro-ministro havia mentido ao afirmar que nunca jantou com o ex-banqueiro Ricardo Salgado.

Desde o início das audiências, Sócrates tem sustentado que não mantinha uma relação de amizade com Salgado e negou ter feito visitas mútuas. No dia anterior, foram ouvidas gravações de diálogos entre ambos, que incluíam convites para refeições, os quais o ex-governante refutou, incluindo um jantar na casa do antigo presidente do Banco Espírito Santo.

Hoje, o procurador Rui Real apresentou duas escutas ao ex-motorista, João Perna, também arguido. Na primeira gravação, Perna fala sobre um dia de trabalho prolongado, que terminaria após a saída de Sócrates da casa de Salgado, enquanto na segunda, ele relata que ainda estava à espera de Sócrates até cerca da meia-noite, depois de uma longa jornada.

Sócrates, na sua defesa, afirmou ter estado até às 22:00 em outro local e acusou o MP de exagerar na interpretação das escutas, referindo que sua visita a Salgado se limitou à entrega de um livro, com uma duração inferior a meia hora.

O MP também questionou novamente a proximidade entre Sócrates e Salgado, apresentando uma escuta onde o ex-primeiro-ministro se refere a Salgado pelo primeiro nome e descreve-o como um "muito amigo". Gravações entre Sócrates e sua secretária mostraram o ex-primeiro-ministro a solicitar o número de telefone de Salgado, segmento que ele argumentou ser uma prova de que não o tinha armazenado em seu dispositivo.

A sessão também foi marcada por protestos das defesas quanto ao acesso completo ao processo através da plataforma Citius, que Sócrates comentou, fazendo alusão à sua época como primeiro-ministro.

O julgamento da Operação Marquês, que conta com José Sócrates e mais 20 arguidos, começou na quinta-feira passada, após onze anos desde a detenção do ex-primeiro-ministro, e poderá cobrir uma vasta gama de crimes, incluindo corrupção e fraude fiscal.

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