Gestão dos Bombeiros Ameaçada pelo Encerramento de Urgências
A Liga dos Bombeiros Portugueses alerta sobre dificuldades na gestão das corporações devido ao encerramento de urgências, reportando 38 partos em ambulâncias este ano.

Em declarações à Lusa, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, alertou para a crescente dificuldade de gestão que as corporações enfrentam em virtude do encerramento de serviços de urgência. “Os tempos de resposta para as emergências pré-hospitalares aumentaram significativamente, obrigando as corporações a mobilizar mais ambulâncias para dar conta da demanda”, explicou.
De acordo com Nunes, a carência não reside na disponibilidade de veículos, mas sim na falta de recursos humanos, que frequentemente actuam de forma voluntária. “Não podemos activar as sirenes para todas as ocorrências pré-hospitalares quando a situação exige uma resposta rápida”, acrescentou, referindo que a Liga já negociou com o INEM a disponibilização de equipas específicas.
O presidente destacou que os problemas se agravam quando uma emergência demora demasiado a ser atendida, devido à falta de resposta nos hospitais próximos. “Se antes as intervenções eram limitadas a um distrito, agora há casos em que os tempos de espera excedem as três horas”, afirmou Nunes, sublinhando que a situação não é exclusiva do distrito de Setúbal, onde os constrangimentos nas urgências são mais evidentes.
Recentemente, foram reportados casos em que os bombeiros de Macedo de Cavaleiros transportaram grávidas para hospitais em Braga, enquanto os doentes da Guarda e Viseu foram encaminhados para Coimbra. As redes sociais também deram conta do nascimento de um bebé da Moita numa ambulância a caminho de Setúbal.
Nesse contexto, António Nunes revelou que, apenas este ano, já ocorreram 38 partos em ambulâncias. Na segunda-feira, teve lugar uma reunião entre a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o INEM e a Liga, onde se discutiu o reforço do dispositivo de emergência pré-hospitalar em todo o país. Como resultado, duas novas ambulâncias começaram a operar para responder às urgências obstétricas na margem sul do Tejo.
Estas ambulâncias funcionarão até 30 de setembro e terão como alvo os hospitais que têm encerradas as suas urgências obstétricas, em regime de rotatividade entre Almada, Barreiro e Setúbal. O protocolo entre a Liga e o INEM possibilita a criação de Postos de Emergência Médica Sazonais, e há planos para aumentar a cobertura a outros distritos, como Aveiro, Braga e Leiria.
Além do reforço sazonal, 38 ambulâncias estão já em funcionamento no âmbito do Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar, estabelecido em dezembro de 2024, para atender à crescente procura nas urgências. O Portal do SNS indica que, neste fim de semana, haverá encerramentos em seis urgências no sábado e sete no domingo, incluindo duas pediátricas.