Iniciativas Urbanísticas Visam Mitigar Ondas de Calor em Lisboa
Especialistas discutem novas estratégias para Lisboa, propondo soluções inovadoras para enfrentar ondas de calor e promover um ambiente urbano mais sustentável.

No contexto do evento de arquitetura Archi Summit, realizado na Unicorn Factory, no Beato, um grupo de 12 especialistas de diversas áreas de conhecimento uniu-se para abordar os desafios da cidade de Lisboa, com foco na mitigação dos efeitos das ondas de calor. Durante três dias de debate, foram apresentadas propostas urbanísticas que visam transformar o espaço urbano e torná-lo mais resiliente face às alterações climáticas.
O gabinete hori-zonte, reconhecido pela sua especialização em arquitetura sustentável e por ser um dos finalistas dos Prémios "Building of the Year 2025", destaca-se na iniciativa. A principal conclusão das discussões foi que a dificuldade não está na falta de planos, mas sim na sua implementação, que requer audácia política, definição clara de responsabilidades e envolvimento da cidadania.
Entre as propostas discutidas, estão a reorganização do território em zonas estratégicas, como Chelas, Marvila e a frente ribeirinha, e a construção de edifícios que funcionem como "infraestruturas ecológicas”. Estas edificações visam gerir recursos hídricos, gerar energia e criar ambientes mais confortáveis, integrando-se harmonicamente ao espaço público.
Os especialistas também propuseram a adoção de soluções de 'cidade-esponja', que fomentam a infiltração urbana e o reaproveitamento de águas residuais, bem como a renaturalização do espaço urbano através da implementação de vegetação autóctone e sistemas de ventilação natural. Outras recomendações incluem a necessidade de planos diretores municipais mais ágeis e experimentais, que utilizem fundos europeus para testar soluções em áreas específicas.
Uma proposta adicional foi a criação de uma Escola da Cidade, destinada a promover a formação contínua e o diálogo entre os técnicos, decisores e a população, incentivando a participação dos cidadãos na gestão e manutenção dos espaços verdes.
Os debates também revelaram problemas arraigados na sociedade, tais como a dependência do automóvel e a escassez de vegetação, apontando a urgência de desenvolver soluções que integrem diferentes escalas e disciplinas para uma resposta eficaz às alterações climáticas.
Lisboa, uma das cidades mais vulneráveis às ondas de calor, enfrenta um desafio considerável, uma vez que áreas densamente povoadas mantêm temperaturas superiores às regiões circundantes. Embora o município tenha tomado algumas iniciativas positivas, ainda há um longo caminho a percorrer. O arquiteto Diogo Lopes Teixeira, cofundador do gabinete hori-zonte, sintetiza a abordagem necessária: “É através de uma prática colaborativa e multidisciplinar que poderemos desenhar um futuro urbano mais sustentável e resiliente”.