Irão responsabiliza Europa por falhas no acordo nuclear de 2015

O Irão fez acusações contundentes contra os países da Europa, responsabilizando-os pelo fracasso do acordo nuclear de 2015. Em declarações à imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Esmail Baghai, afirmou que a ineptidão dos europeus na implementação das obrigações acordadas é clara: "A parte europeia foi culpada e negligente na implementação" do pacto.

Baghai descreveu qualquer tentativa de reintroduzir sanções da ONU como "sem sentido, injustificável e imoral". Ele defendeu que a diminuição dos compromissos do Irão é uma resposta às falhas dos países ocidentais no cumprimento das suas responsabilidades, assegurando que essa redução respeita as cláusulas do acordo.

À luz desta situação, Paris, Londres e Berlim ameaçaram restabelecer sanções contra Teerão. Contudo, o ministro iraniano sublinhou que não existem bases legais para tal ação, destacando a falta de "base moral e legal" por parte dos europeus.

No próximo dia 4 de agosto, está agendada uma nova ronda de conversações entre o Irão e as potências europeias - Alemanha, França e Reino Unido - em Istambul. Esta reunião será liderada por dois vice-ministros iranianos, que discutirão os aspectos legais e políticos do programa nuclear de Teerão.

Ainda que estas negociações ocorram em separado das discussões indiretas com os Estados Unidos, o Irão enfrenta o desafio de apresentar progressos significativos até ao final de agosto, para evitar a ativação do mecanismo de 'snapback' que poderia restabelecer sanções da ONU em caso de incumprimento do acordo.

Recentemente, as tensões aumentaram após ataques aéreos dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, coincidindo com uma escalada de confrontos entre Israel e o Irão. As alegações de que o Irão procura desenvolver armamento nuclear são veementemente rejeitadas por Teerão, que afirma a sua intenção de avançar com a energia nuclear para fins civis e energéticos.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) observou que o Irão enriquece urânio a níveis superiores ao permitido pelo acordo, levantando preocupações adicionais sobre as suas intenções.