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José Sócrates rejeita acusações de recebimento de dinheiro via primo

No julgamento da Operação Marquês, o ex-primeiro-ministro José Sócrates refutou as alegações de ter recebido dinheiro do primo José Paulo Pinto de Sousa, envolvido no caso pela acusação.

10/07/2025 12:25
José Sócrates rejeita acusações de recebimento de dinheiro via primo

Durante o julgamento da Operação Marquês, José Sócrates, que foi primeiro-ministro entre 2005 e 2011, afirmou categoricamente que "Nunca recebi nenhum dinheiro do meu primo José Paulo para mim". A declaração surge em resposta ao procurador Rui Real, que questionou o ex-governante sobre supostas transferências em numerário entre 2006 e 2007. Segundo o Ministério Público, estas transferências totalizariam cerca de dois milhões de euros e teriam origem no Grupo Espírito Santo (GES).

O montante teria sido enviado para contas na Suíça pelo empresário Helder Bataglia, caso alega incluir a participação de Francisco Canas, falecido em 2017 e que era um dos principais réus do processo "Monte Branco", suspeito de facilitar a lavagem de milhões de euros.

Sócrates também esclareceu que a primeira vez que teve conhecimento de Francisco Canas foi no contexto da operação "Monte Branco". Além disso, foi questionado sobre o recebimento de dinheiro relacionado à estratégia da antiga Portugal Telecom (PT) no Brasil, um caso onde o Ministério Público alega corrupção em benefício dos interesses do GES.

No entanto, muitos dos detalhes sobre alegados subornos foram adiados pelo tribunal para mais tarde, conforme a estratégia de interrogatório. No início do terceiro dia de seu depoimento, Sócrates reiterou que não tinha “relações diretas com os acionistas da PT”, incluindo Ricardo Salgado, e que, apesar de ter uma 'golden-share' na empresa, não tinha poder de influência sobre os investidores.

O ex-primeiro-ministro criticou ainda os procuradores por, em sua opinião, estarem a buscar um enfoque político em vez de criminal. "Não sei se estamos num julgamento ou no parlamento, pois aqui discutimos crimes", enfatizou.

Sócrates enfrenta 22 crimes, incluindo três de corrupção e 13 de branqueamento de capitais, sendo que o processo envolve um total de 21 arguidos, que no total são acusados de 117 delitos.

O julgamento teve início a 3 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa, com a convocação de mais de 650 testemunhas. Os arguidos têm, de um modo geral, negado as acusações de prática de ilegalidades.

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