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Moçambique intensifica testagem contra surto de mpox

Com o aumento dos casos de mpox, Moçambique aposta na testagem local para reforçar a resposta ao surto, embora a falta de informação ao público permaneça um desafio.

há 4 horas
Moçambique intensifica testagem contra surto de mpox

As autoridades de saúde moçambicanas afirmam estar equipadas para enfrentar o surto de mpox, com a capacidade para realizar até 4.000 testes localmente. Até agora, cerca de cinquenta testes já foram efetuados no distrito de Lago, na província de Niassa, onde se registaram pelo menos 13 casos confirmados desde 11 de julho, todos em condições estáveis.

“Temos uma boa capacidade para a testagem. A situação está garantida para o nosso país”, declarou à Lusa Filipe Murimirgua, coordenador do Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP).

O surto em questão está a manifestar-se no distrito de Lago, perto das fronteiras com o Malaui e a Tanzânia. Os riscos de propagação são levados a sério, motivo pelo qual todas as províncias estão em alerta e já iniciaram testagens para casos suspeitos em Maputo, Cabo Delgado, Zambézia, Manica e Tete. Murimirgua salientou que houve melhorias na deteção, comparando com o surto de 2022.

“O país apresentou uma organização superior, especialmente na detecção precoce das infecções. Tivemos apoio dos países vizinhos, como o Malaui, na identificação e reporte dos casos, o que foi crucial”, acrescentou.

A mpox, uma doença viral de origem zoonótica, foi identificada pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo. Desde o início de 2023, na região da África Austral, foram reportados 77.458 casos da doença em 22 países, com um total de 501 fatalidades.

O primeiro caso de mpox em Moçambique foi notificado em outubro de 2022. Murimirgua destacou a evolução da capacidade de testagem nas províncias, com 4.000 testes disponíveis, além de mil reagentes para identificação de estirpes de casos positivos, representando um avanço significativo em três anos.

“Após a declaração da Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional pela OMS, o país investiu na capacidade laboratorial a nível provincial”, afirmou o coordenador do COESP.

Atualmente, todos os laboratórios de Saúde Pública nas capitais provinciais têm capacidade para realizar testes, embora ainda existam desafios relacionados à sensibilização da população sobre os cuidados a ter.

As autoridades de saúde têm a missão de reforçar a comunicação com a população, especialmente na província de Niassa, onde o isolamento de casos positivos e suspeitos se revela como um desafio importante. “Se houver colaboração da população, será possível controlar o surto na região”, concluiu Murimirgua.

Em Maputo, a 2.300 quilómetros do surto, as preocupações em relação à mpox são visíveis, embora muitos cidadãos expressem falta de conhecimento sobre a doença e suas medidas preventivas. “É fundamental educar o público, pois muitos ainda não entendem os riscos envolvidos”, destaca um residente.

Dentre os testemunhos, alguns cidadãos sugerem precauções que já adotam em relação a outras doenças, mas a ausência de informação clara continua a ser um obstáculo para a prevenção efetiva.

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