Economia

Moody's eleva classificação da dívida argentina, mas permanece alerta para riscos

A Moody's aumentou a classificação da dívida de longo prazo da Argentina para Caa1, destacando avanços económicos, mas ainda considera a situação arriscada.

18/07/2025 06:15
Moody's eleva classificação da dívida argentina, mas permanece alerta para riscos

A agência de notação financeira Moody's anunciou uma subida de dois níveis na classificação da dívida de longo prazo da Argentina, passando de Caa3 para Caa1. Apesar da melhoria, a dívida permanece na categoria de investimento especulativo, com a instituição a enfatizar a necessidade de cautela.

No seu comunicado, a Moody's justificou a decisão com as reformas macroeconómicas últimas, que contribuíram para a redução da inflação e a recuperação do crescimento económico, previsto para o final de 2024. A agência salientou que, no primeiro trimestre de 2025, a economia argentina registou um crescimento de 5,9%, impulsionado pela procura interna e uma confiança renovada.

Cumulativamente, a dívida do país, ainda classificada como 'lixo', reflete um quadro económico de volatilidade. A Moody's sublinhou que a liberalização dos controlos cambiais, juntamente com um novo programa de apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), está a facilitar o acesso à liquidez em moeda estrangeira, mitigando a pressão sobre as finanças externas e diminuindo a probabilidade de um evento de crédito negativo.

Recorde-se que, em abril, a Argentina firmou um acordo para um novo empréstimo de 20 mil milhões de dólares (cerca de 17,2 mil milhões de euros) com o FMI, que possibilitou a suspensão dos controlos de capitais e de divisas. A Moody's elogiou este percurso em direção a uma conta de capital mais aberta e a remoção contínua das restrições cambiais como passos inequívocos rumo a pagamentos externos sustentáveis.

A inflação tem vindo a desacelerar significativamente, passando de 211% no final de 2023 para 55,9% na primavera de 2024, em resultado de uma política orçamental mais eficaz e reformas económicas que visam eliminar distorções de mercado e atrair investimentos. Contudo, a agência chamou a atenção para as frágeis reservas monetárias e os obstáculos estruturais ao investimento, que continuam a ser desafios significativos.

A Moody's acredita que uma recuperação económica, aliada ao apoio popular às políticas implementadas pelo Presidente Javier Milei, poderá conferir ao governo um mandato político mais robusto para acelerar a sua agenda reformista antes das eleições legislativas de outubro. Porém, alertou que a eliminação total dos controlos pode reacender desequilíbrios macroeconómicos que ameaçariam a estabilidade da balança de pagamentos.

Desde que Milei assumiu a presidência no final de 2023, foram introduzidas diversas medidas de austeridade, incluindo uma considerável desvalorização do peso argentino, que registou uma quebra superior a 52%. Em julho de 2024, Milei proferiu um estado de emergência pública em áreas administrativas, económicas, financeiras e energéticas, que se prolongou por um ano, encerrando a 7 de julho passado.

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