Moreira alerta sobre o futuro do Porto e critica a adoração aos arranha-céus
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defende um crescimento equilibrado da cidade, criticando quem prioriza arranha-céus em detrimento de uma urbanização acessível e diversificada.

No seu discurso durante a entrega das Medalhas Municipais 2025, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, deixou algumas reflexões sobre o futuro da cidade na sequência das eleições de outubro. Alertou para a possibilidade de o Porto continuar a ser um lugar com uma cultura vibrante, diversificada e acessível, ou de regredir para uma paisagem urbana estagnada e desinteressante.
Moreira afirmou que "a cidade pode crescer e densificar-se de forma a não comprometer a sua estrutura e património, assegurando um aumento da oferta habitacional", ou, em contraste, ceder à paixão desmedida por arranha-céus em centros urbanos como Nova Iorque e Dubai, defendendo uma cidade de rés-do-chão e apenas três andares.
O autarca comentou ainda que "o Porto pode ser um lugar mais seguro, sem deixar de lado a questão social, ou pode cair numa abordagem excessivamente securitária". Na área da mobilidade, considerou que "a cidade pode desenvolver uma rede de transportes públicos mais eficaz, ou pode se submeter aos interesses do transporte individual como prioridade".
Moreira advertiu que "os portuenses têm o poder de escolher o que desejam para a cidade, mas devem ter cuidado com promessas que não podem ser concomitantemente cumpridas".
O autarca independentista alertou contra o crescimento da direita populista que tenta corroer a liberdade de expressão e impõe a sua intolerância nas democracias liberais. Criticou os movimentos que negam a ciência, como o negacionismo climático e a resistência à vacinação pública, afirmando que "a educação e a cultura estão a ser demonizadas em favor de uma ignorância que é facilmente manipulável".
Moreira sublinhou que "os desafios urbanos não se resolvem sem uma real descentralização administrativa", exortando à necessidade de reforçar as competências dos municípios, um tema que é frequentemente ignorado pelo Estado português. "A centralização continua a ser uma obsessão em Portugal, afetando o crescimento e a coesão social", acrescentou.
Conforme necessário, ele reforçou que "Portugal é um dos países mais centralizados da OCDE", e isso comporta consequências negativas para o desenvolvimento equilibrado e social do país. Com a reforma do Estado a ser debatida e as eleições autárquicas à porta, Moreira entende que "é crucial promover o debate sobre a descentralização, que está intimamente ligado à qualidade da nossa democracia e à capacidade dos cidadãos em moldar o seu futuro".