Negociações UE-EUA: Paciência é Vital, mas Respostas são Necessárias
O ministro da Agricultura alertou para a necessidade de paciência nas negociações com os EUA, mas garantiu que a UE retaliará se forem impostas tarifas elevadas.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, expressou, em Bruxelas, a convicção de que a Comissão Europeia deve adotar uma postura firme e ripostar caso os Estados Unidos mantenham a proposta de taxar as importações da União Europeia (UE) em 30%.
"Acredito que, se forem impostas taxas de 30%, a UE não hesitará em responder", afirmou o ministro aos jornalistas à margem da reunião do Conselho de Agricultura da UE. Fernandes destacou que a União Europeia usufrui de um excedente no comércio de serviços com os EUA, o que pode ser um trunfo nas negociações.
No entanto, o ministro enfatizou que a abordagem do bloco europeu deve ser de paciência. "É essencial ter calma durante um processo negocial", acrescentou, referindo que a administração de Washington está a agir de acordo com os seus interesses, adotando posições extremas que muitas vezes visam facilitar a chegada a um consenso.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou no sábado a intenção de impor tarifas de 30% sobre produtos europeus a partir de 01 de agosto, numa carta dirigida à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Em resposta, von der Leyen reiterou a disposição de Bruxelas para negociar um acordo antes da data limite.
Trump justificou a decisão com o elevado excedente comercial da UE em relação aos EUA, que ascendeu a 50 mil milhões de euros em 2024. As tensões entre Bruxelas e Washington têm-se intensificado, desde a imposição inicial de taxas de 25% sobre o aço, seguidas por aumentos para 50% em produtos como alumínio e automóveis.
A UE, por sua vez, continua a preferir uma solução negociada e já propôs a eliminação de tarifas sobre bens industriais nas suas trocas comerciais com os EUA. A Comissão Europeia é a responsável pela política comercial do bloco e, atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos estão vulneráveis a novas tarifas, com uma média de direitos aduaneiros agora superior à de há quase um século.
É importante notar que a relação comercial entre a UE e os EUA representa o maior volume de comércio entre parceiros, atingindo 1,68 biliões de euros, com a UE a registar um excedente de 198 mil milhões de euros nos bens, mas um défice de 148 mil milhões de euros nos serviços.