Planned Parenthood em batalha judicial para preservar financiamento do Medicaid
As clínicas da Planned Parenthood nos EUA argumentam em tribunal que cortes no Medicaid em serviços de aborto prejudicam pacientes vulneráveis e limitam o acesso à saúde.

A Planned Parenthood Federation of America, juntamente com suas afiliadas em Massachusetts e Utah, está a contestar uma parte da legislação fiscal do Presidente Donald Trump, que, de acordo com a organização, tem como alvo as suas clínicas.
Uma disposição dessa lei propõe a exclusão de pagamentos do Medicaid a prestadores de serviços de aborto, como a Planned Parenthood, que oferece predominantemente cuidados de saúde reprodutiva, incluindo contraceção, testes de gravidez e abortos. Em 2023, a Planned Parenthood recebeu mais de 800.000 dólares (cerca de 688,3 mil euros) do Medicaid.
Embora a Planned Parenthood não seja mencionada diretamente na legislação, implementada a 4 de julho, líderes da organização afirmam que a intenção era afetar os quase 600 centros que têm espalhados por 48 estados. Outros prestadores de serviços médicos, como um importante centro no Maine, já sentiram os efeitos.
Durante a audiência em Boston, o advogado da Planned Parenthood, Alan Schoenfeld, criticou a cláusula de afiliação da lei, afirmando que a mesma "torna a situação profundamente injusta". O processo foi movido contra o Secretário da Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr.
Atualmente, os cortes estão suspensos depois de uma decisão da Juíza Distrital Indira Talwani, que emitiu uma ordem restritiva temporária válida por duas semanas. A ordem expira a 21 de julho, data em que a juíza deverá decidir sobre um pedido de providência cautelar que impediria os cortes enquanto o processo judicial está em curso.
Nesta audiência, Talwani focou-se na definição de afiliação e na elegibilidade dos centros da Planned Parenthood para o financiamento do Medicaid, questionando se a interrupção dos abortos seria suficiente ou se seria necessário romper todos os vínculos.
Emily Hall, advogada que representa o HHS, afirmou que mais informações sobre a estrutura da Planned Parenthood são necessárias, e pediu tempo para que o governo finalize a interpretação da lei, dizendo: "A natureza da relação corporativa é crucial e não a tenho".
As preocupações sobre os possíveis cortes na Planned Parenthood aumentaram com o anúncio recente de uma delegação de serviços médicos no Ohio, que afirmou que duas clínicas, em Hamilton e Springfield, encerrariam suas portas devido a cortes orçamentários estaduais e federais.
A presidente da Planned Parenthood of Southwest Ohio Region, Nan Whaley, antiga candidata a governadora, expressou a difícil situação da organização: "Não se enganem: esta decisão não foi fácil e foi forçada pela pressão política em torno do financiamento".
As clínicas oferecem cuidados de saúde preventivos, como testes de doenças sexualmente transmissíveis, controlo de natalidade e exames de saúde, e quase 50% dos pacientes da Planned Parenthood dependem do Medicaid, um programa governamental crucial para milhões de americanos de baixos rendimentos.