Redes Sociais e a Propagação de Desinformação Durante Catástrofes Naturais
Estudo revela que plataformas sociais facilitam a circulação de informações falsas em desastres naturais, colocando vidas em risco, de acordo com uma ONG dos EUA.

Uma nova análise realizada pelo Center for Countering Digital Hate (CCDH) denuncia como as redes sociais fomentam a difusão de desinformação em situações de catástrofes naturais, como as recentes inundações no Texas e os incêndios em Los Angeles, na Califórnia. O relatório, divulgado hoje, destaca que a estrutura algorítmica dessas plataformas não só promove informações enganosas, mas também esconde dados vitais para a população.
O estudo examinou 300 publicações que se tornaram virais devido a informações falsas e concluiu que duas em cada cem destas postagens no Facebook e Instagram, plataformas do grupo Meta, estavam associadas a confirmações factuais. Na rede X, apenas um por cento das publicações analisadas continha comentários dos utilizadores para corrigir erros, enquanto no YouTube não foi identificado qualquer contexto relevante nos vídeos.
Particularmente alarmante é o fato de que as publicações do controverso teórico da conspiração Alex Jones, sobre os incêndios na Califórnia, alcançaram mais visualizações do que o total das informações divulgadas por agências de socorro e meios de comunicação tradicionais, como o Los Angeles Times.
Imran Ahmed, dirigente do CCDH, destacou que "a rápida disseminação de teorias da conspiração relacionadas com o clima não é acidental, mas, sim, a essência de um modelo económico que lucra com a polarização e a indignação". Além disso, as plataformas como Meta e X têm restringido a eficácia das suas ferramentas de moderação e verificação de conteúdos, denunciadas por sectores políticos como excessivamente progressistas.
As repercussões são alarmantes: após as devastadoras inundações no Texas em julho, Augustus Doricko, dirigente de uma empresa de tecnologia de climatização, recebeu "numerosas ameaças", conforme relatado à AFP. O CCDH sublinha que aqueles que espalham desinformação estão a tentar obter vantagens com a confusão gerada.