São-tomenses em Lisboa pedem mudança: "Exigimos responsabilidade governativa"
Milhares de cidadãos são-tomenses expressaram hoje, em Lisboa, o seu descontentamento pela má gestão do país, que comemora 50 anos de independência.

Hoje, em Lisboa, dezenas de pessoas saíram às ruas para manifestar a sua insatisfação em relação à governação de São Tomé e Príncipe, um país que, segundo os protestantes, ainda é totalmente dependente do exterior. O evento ocorreu na data em que se assinalam 50 anos de independência do arquipélago.
Quenilson Mendes Marques, o responsável pela organização do protesto, salientou a realidade atual de São Tomé e Príncipe, caracterizando-a como um reflexo da "incompetência" ao longo das últimas cinco décadas. Segundo ele, o país não apresenta uma estrutura financeira sólida, um sistema de saúde eficaz, nem uma educação de qualidade. "A vida social está completamente desalinhada com as necessidades reais e a juventude sente-se desiludida," explicou à agência Lusa.
Marques, que reside na Covilhã, lamentou que a histórica herança arquitetónica deixada por antigos colonizadores se encontre em estado de degradação, enquanto os governantes falham em cuidar do seu legado. "Os nossos líderes não souberam preservar o que foi construído ao longo dos últimos 50 anos," criticou.
A manifestação visou igualmente denunciar a gestão dos 18 governos que sucederam desde a independência, em 12 de julho de 1975. "Celebrar a independência é importante, mas, após ela, o que foi feito? Cinquenta anos de desgoverno. As condições em que vive o povo não são aceitáveis," questionou, evidenciando problemas como a má qualidade das estradas e a deterioração do hospital central.
Honório Lavres de Oliveira, um gestor contabilístico que vive no Reino Unido há 15 anos, juntou-se à manifestação em prol do desenvolvimento dos seus compatriotas que vivem em dificuldades em São Tomé e Príncipe. "Estou aqui para exigir que os nossos governantes mudem o seu ‘chip’ e priorizem o bem-estar do povo," afirmou.
O protesto teve início na praça do Marquês de Pombal e seguiu pela Avenida da Liberdade, até à Praça do Comércio, com os participantes a exibirem uma grande bandeira do país e um cartaz que dizia "50 anos falhados, 50 anos de destruição". Palavras de ordem contra a corrupção e pedidos de união entre os são-tomenses ecoaram ao longo do percurso.