Apoio do Governo ao Setor Agroalimentar em Tempos de Incerteza
O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, assegura que o Governo está pronto para apoiar o setor agroalimentar face a possíveis tarifas dos EUA e perturbações no mercado.

O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, afirmou, durante uma cerimónia em Matosinhos, que o Governo está comprometido em apoiar os setores agrícola, alimentar e das pescas, especialmente se surgirem dificuldades relacionadas com tarifas impostas pelos Estados Unidos ou alterações no mercado.
"Temos sempre estado ao lado destes setores. Dentro da União Europeia, temos defendido um reforço da reserva de crise, destinada a administrar choques de mercado. O meu desejo é que, no próximo quadro financeiro, essa reserva possa atingir o valor de mil milhões de euros anualmente", declarou.
O ministro abordou a inquietação em relação a uma possível tarifa de 30% sobre produtos agroalimentares europeus exportados para os Estados Unidos, como o vinho e as conservas portuguesas, sublinhando a necessidade de uma "firmeza tranquila" nas negociações com Washington.
"Temos consciência da forma de negociar do Presidente dos Estados Unidos. É fundamental ter paciência, mas também ser firme. Embora uma tarifa de 30% fosse inaceitável, não podemos abandonar o mercado americano", frisou.
José Manuel Fernandes recordou que Portugal mantém um saldo comercial positivo superior a 280 milhões de euros com os Estados Unidos nos sectores agroalimentar, florestal e das pescas, com o vinho a ser uma das áreas mais importantes.
"O setor do vinho é uma preocupação particular, devido à diminuição do consumo global. No entanto, não renunciamos ao mercado americano nem exploramos novos mercados, como a Índia ou o Mercosul. É crucial consolidar os mercados existentes e expandir para novos", afirmou.
Sobre a mobilização recente dos viticultores, o ministro reconheceu as "preocupações", mas enfatizou que soluções ilusórias não são a resposta, preferindo implementar medidas estruturais.
"Errámos no passado, como aceitar vinho de Espanha a 15 cêntimos para depois destilar a 45. O consumo mundial de vinho está a descer. Temos qualidade e capacidade para produzir mais. O nosso objetivo é proteger os rendimentos dos pequenos agricultores", acrescentou.
Por último, o governante expressou desagrado pelo fato de, em um concurso recente de 20 milhões de euros destinado à promoção do vinho português em mercados internacionais, apenas foram submetidas candidaturas totalizando 12 milhões.
"Ao contrário do que aconteceu sob o governo anterior do PS, nós desbloqueámos fundos para promoção. Pessoalmente, apresentei ao comissário europeu o nosso plano de ação. Vamos formalizá-lo e prosseguir com a promoção dos nossos vinhos, mas todos devem participar", concluiu José Manuel Fernandes.