Boavista e ex-presidente sob investigação da PJ após buscas no Estádio do Bessa

O Boavista Futebol Clube, incluindo a sua Sociedade Anónima Desportiva (SAD), e Vítor Murta, que anteriormente presidiu ambas as entidades, foram apontados como arguidos após operações da Polícia Judiciária (PJ) realizadas no Estádio do Bessa, no Porto.

Fontes judiciais confirmaram à agência Lusa que, entre os seis indivíduos e entidades visados, está Murta, que ocupou a presidência entre dezembro de 2018 e janeiro de 2025, e liderou a SAD de agosto de 2020 a maio de 2024.

A PJ executou 10 mandados de busca nas áreas do Grande Porto e de Viseu, recolhendo documentação e equipamentos informáticos relevantes no contexto de um inquérito sobre suspeitas de “lucros ilícitos” superiores a 10 milhões de euros. O foco das investigações está em possíveis fraudes fiscais, frustração de créditos e branqueamento de capitais, alegadamente perpetrados por responsáveis, contabilistas, advogados e auditores.

De acordo com a PJ, o esquema envolvia a utilização de contas bancárias em nome de terceiros, transferências internacionais e depósitos em numerário de origem duvidosa. Os indícios sugerem a existência de ocultação de rendimentos e desvio de fundos.

O Boavista, que tinha como objetivo participar na II Liga de futebol na temporada 2025/26, falhou a inscrição nos campeonatos profissionais e a Federação Portuguesa de Futebol negou o licenciamento para a Liga 3, envolto em questões financeiras que podem levar o clube a descer aos escalões distritais.

Na semana passada, a administração, liderada por Rui Garrido Pereira e Fary Faye, submeteu um pedido de insolvência ao Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia. O clube, que esteve em último lugar da I Liga na temporada passada, viu assim o seu sonho desvanecer após 11 épocas na primeira divisão.