Campanha Europeia visa bloquear presidência de Annalena Baerbock na ONU
Um movimento pan-europeu pretende impedir que a ex-ministra alemã, Annalena Baerbock, assuma a liderança da ONU devido a suas supostas relações com Israel e questões ligadas a direitos humanos.

Um coletivo identificado como "progressista pan-europeu" iniciou uma mobilização para evitar que Annalena Baerbock, antiga ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, assuma a presidência da Organização das Nações Unidas (ONU). A oposição surge com a acusação de que Baerbock tem mostrado inclinações favoráveis a Israel.
"Decidimos avançar com esta iniciativa porque consideramos Annalena Baerbock cúmplice de genocídio. Alguém com esse tipo de histórico não deve ocupar uma posição de liderança nas Nações Unidas", afirmou Kinza Saleem, porta-voz do movimento conhecido como DiEM25, que reivindica uma "revolução democrática" contra os "oligarcas" que controlam a Europa.
Baerbock recebeu 167 votos a favor, em 02 de junho, durante a eleição para presidir a 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, superando os 88 necessários para assegurar a sua nova posição.
A crítica ao seu desempenho enquanto ministra inclui a exportação de 485 milhões de euros em armamento para Israel, que, segundo argumentam os opositores, contribuiu para a escalada de violência em Gaza. A porta-voz acrescentou que Baerbock ignorou os apelos por um cessar-fogo na União Europeia, apoiou ataques a civis e se opôs à criação de um Estado palestiniano, além de estar envolta em uma ação judicial na Alemanha relacionada a cumplicidade em genocídio.
Segundo Kinza Saleem, a campanha já conta com mais de 30 mil assinaturas, demonstrando apoio de vários ativistas, defensores dos direitos humanos e organizações de solidariedade, como as Mulheres pela Paz da Finlândia e a Aliança Negra pela Paz (BAP).
Embora o papel de presidente da Assembleia-Geral não tenha o mesmo peso que o de secretário-geral da ONU, a nomeação de uma mulher para o cargo é considerada um marco significativo, especialmente em um período onde cresce a demanda por uma liderança feminina na ONU, um feito que ainda não ocorreu.
Após a confirmação de Baerbock, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que sua entrada em funções ocorre "num tempo complexo e incerto para o sistema multilateral", com desafios persistentes como conflitos, catástrofes climáticas e desigualdade à espreita.
O movimento DiEM25, por sua vez, classifica Baerbock como "criminosa de guerra", sugerindo que o seu lugar deveria ser em Haia e não na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.
Atualmente, Israel está em confronto na Faixa de Gaza com o Hamas, grupo islamita que provocou um dos mais letais ataques em solo israelita, com cerca de 1.200 mortes e mais de 200 desaparecidos.
A resposta de Israel resultou em um elevado número de fatalidades na Faixa de Gaza, registando mais de 57 mil mortos, conforme relatórios provenientes do Hamas.