Competição EUA-China coloca África Austral no centro das atenções
A consultora Oxford Economics aponta a África Austral, incluindo Angola e Moçambique, como epicentro da disputa de poder entre os EUA e a China por recursos naturais.

A consultora britânica Oxford Economics considera que a África Austral, abrangendo países como Angola e Moçambique, se tornou a "linha da frente da competição global por recursos naturais" entre os Estados Unidos e a China. Segundo um comentário enviado aos clientes em relação à 17.ª Cimeira de Negócios EUA-África, realizada em junho em Luanda, a luta pela influência na região intensificou-se desde que a China anunciou a remoção de tarifas sobre 53 nações africanas.
Os analistas destacam que "a rivalidade entre os EUA e a China aumentou a relevância geopolítica da África Austral", transformando-a num campo de batalha pela conquista de recursos naturais. Por outro lado, os EUA têm vindo a reforçar a sua presença na região por meio da Parceria de Segurança dos Minerais e têm canalizado investimentos para infraestruturas, visando contrabalançar a dominância chinesa, com destaque para o corredor do Lobito.
A abordagem dos Estados Unidos em África contrasta com a da China, conforme os analistas explicam: "a China consolidou sua influência através de investimentos de longo prazo em infraestrutura, enquanto a abordagem dos EUA é mais transacional e pontual".
O corredor do Lobito, que conecta o porto angolano do Lobito, em Benguela, à República Democrática do Congo, é operado por um consórcio europeu e considerado um eixo estratégico para a exportação de minerais e a promoção da agroindústria. Esta infraestrutura inclui o porto, o Caminho de Ferro de Benguela e terminais logísticos ao longo de mais de 1.300 quilómetros de linha ferroviária.
Na mesma cimeira, o Fundo Soberano de Angola (FSDEA) e o empresário israelita Haim Taib apresentaram uma plataforma destinada a mobilizar mil milhões de dólares para projetos no Corredor do Lobito, com um investimento inicial de 100 milhões de dólares. Esta Plataforma de Desenvolvimento e Investimento do Corredor do Lobito servirá para acelerar investimentos em várias áreas, como agricultura, saúde e industrial.
O presidente do FSDEA, Armando Manuel, comentou que a redução prevista de custos de transporte e o aumento do comércio intra-SADC podem transformar o Corredor do Lobito numa das artérias económicas mais relevantes de África. Além disso, estão em curso negociações para incluir a Zâmbia na plataforma, expandindo o projeto para ligar o porto moçambicano da Beira ao Atlântico.