"Estreia de 'Apareceu a Margarida' em Lisboa: Um Olhar Irónico sobre a Autoridade"

A peça 'Apareceu a Margarida', escrita pelo dramaturgo brasileiro Roberto Athayde, estreia-se este sábado na Sociedade Filarmónica Recordação D' Apolo, em Lisboa. A informação foi dada à Lusa pela atriz principal, Júlia Guerra, que também é produtora do espetáculo.

A trama propõe um mergulho audacioso no universo da autoridade, da repressão e do absurdo. Júlia Guerra destaca que, apesar de abordar temas complexos, a obra é essencialmente uma comédia, refletindo a atualidade dos discursos políticos que regressam na sociedade contemporânea.

A atriz, natural do Brasil e residente em Portugal desde o ano passado, relaciona-se com o texto desde o início dos seus estudos teatrais em 2013. "É um texto que sempre sonhei em trazer ao palco", afirmou.

A história gira em torno de uma professora que exerce a sua autoridade de forma agressiva, cómica e imprevisível dentro de uma sala de aula. A encenadora Alexandra Marinho, investigadora do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresenta uma nova interpretação que combina um olhar crítico com influências do teatro político e técnicas brechtianas.

'Apareceu a Margarida', que já foi traduzida em mais de 15 línguas, convida o público a refletir sobre a maneira como o poder se camufla em normas e comportamentos sociais. Júlia Guerra conclui que o teatro é uma ferramenta crucial para a revelação e resistência às injustiças sociais.

A peça já percorreu mais de 30 países e tem uma longa história em cena desde a sua estreia em 1973, no Brasil. A atriz também expressou o desejo de levar a peça em digressão por Portugal.

Após a estreia em Lisboa, 'Apareceu a Margarida' terá mais três apresentações na mesma localidade, nos dias 13, 19 e 20 de novembro, sempre às 19h00.

Com um cenário e figurino concebidos por Júlia Guerra, a peça conta ainda com a participação de Denis Buenos.