Homem condenado a quase 20 anos por homicídio com ácido em Águeda
Um homem foi sentenciado a 19 anos e nove meses de prisão por induzir a companheira a ingerir ácido sulfúrico misturado com vinho, levando à sua morte.

Um indivíduo de 56 anos foi condenado, no Tribunal de Aveiro, a uma pena de 19 anos e nove meses de prisão, acusado de homicídio da sua companheira, de 43 anos. O crime ocorreu quando o arguido a induziu a beber uma mistura de ácido sulfúrico, proveniente de baterias, com vinho branco.
Durante a leitura do acórdão, a juíza presidente destacou que o tribunal de júri confirmou a gravidade da conduta do arguido, que agiu deliberadamente para eliminar a vida da sua parceira, considerando o ato como particularmente insidioso e traiçoeiro. A juíza também sublinhou que a motivação para o crime estava relacionada a questões patrimoniais, revelando uma postura egoísta e um claro desprezo pela vida humana.
A relação entre o arguido e a vítima era caracterizada por conflitos frequentes e verbalizações agressivas, o que contradiz a versão do homem de que tinham uma relação harmoniosa afetada apenas por problemas alcoólicos. Segundo as testemunhas, a dinâmica era profundamente disfuncional, com o arguido exercendo controlo sobre a companheira.
O tribunal, após avaliar provas indiretas, concluiu que o arguido misturou o ácido com o vinho, colocando a mistura no frigorífico para que a vítima a consumisse, e depois dispensou os empregados para que ela pudesse beber sem interrupções. A magistrada também desconsiderou a alegação de suicídio apresentada pelo arguido, afirmando que não havia evidências que sustentassem tal versão.
A condenação ao crime de homicídio qualificado teve em conta a natureza do ato, sendo o arguido absolvido da acusação de omissão de auxílio. Além do cumprimento da pena de prisão, que atualmente cumpre em regime de prisão domiciliária, o homem terá de pagar uma indemnização de 190 mil euros, a ser dividida entre os três filhos da vítima.
Na fase de julgamento, o arguido defendeu-se afirmando que a mulher teria ingerido o ácido por si própria, alegando até que ela lhe confessou ter bebido água das baterias. Apesar de não ter chamado de imediato o serviço de emergência, esta versão foi refutada pelas testemunhas que afirmaram que a relação era marcada por tensões e mais problemas do que os apresentados pelo arguido.
Os acontecimentos que culminaram nesta tragédia tiveram lugar no dia 27 de maio de 2022, após uma discussão na residência do casal sobre a mudança da sede de uma empresa, o que originou o ato brutal que levou à morte da mulher.