Loures impugna decisão judicial que travou demolições no Bairro do Talude
A Câmara de Loures anuncia que vai contestar a suspensão das demolições de habitações precárias no Bairro do Talude Militar, após um pedido de moradores aceito pelo tribunal.

A Câmara Municipal de Loures está a preparar um recurso contra a decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa que suspendeu as demolições de 64 habitações precárias no Bairro do Talude Militar. A informação foi hoje confirmada por uma fonte do município à agência Lusa, que revelou que o tribunal deu um prazo de 10 dias para o município se pronunciar sobre o assunto.
A operação de demolição, que se iniciou há uma semana, visava desocupar 64 habitações onde residem 161 pessoas. Nos dois primeiros dias, foram demolidas 55 estruturas, mas no terceiro dia, 14 moradores intervieram com uma providência cautelar que o tribunal acatou, suspendendo assim as operações.
Em paralelo, a Câmara está a realizar um processo de limpeza do entulho gerado pelas demolições, trabalho que começou no fim de semana e que continua sem um prazo definido para ser concluído.
Os técnicos da autarquia estão a orientar as famílias afetadas a procurar informações sobre os apoios disponíveis. Das 55 famílias que viviam nas casas demolidas, 14 estão já a receber assistência direta da Câmara de Loures, que até agora atendeu 38 agregados. Outras 14 famílias conseguiram alojamento temporário com amigos ou familiares, três rejeitaram o apoio e sete mostraram-se desinteressadas nas opções oferecidas.
Atualmente, três famílias, com cinco menores a cargo, continuam a receber apoio para pernoitar, enquanto dez famílias com 21 crianças têm acesso a alimentação. Além disso, cinco famílias conseguiram entrar no mercado de arrendamento com o auxílio da Câmara para cobrir a caução e o primeiro mês de renda.
No entanto, Kedy Santos, representante do Movimento Vida Justa, expressou preocupação, afirmando que as soluções propostas não são adequadas e que as famílias com crianças receiam uma possível intervenção da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens no sentido de retirar-lhes os menores. Santos pediu que esta situação seja tratada com urgência para evitar problemas futuros.
Na sexta-feira, moradores e ativistas realizaram um plenário para discutir futuras ações, tendo decidido organizar uma manifestação no dia 30, onde planeiam entregar uma carta aberta solicitando a suspensão dos despejos e a resolução dos problemas habitacionais junto ao edifício do Conselho de Ministros em Lisboa.