Médicos podem alcançar 400.000€ anuais com cirurgias extras, admite responsável do SNS
Álvaro Almeida, diretor executivo do SNS, explicou na Comissão Parlamentar de Saúde que médicos podem ter altos rendimentos através de cirurgias adicionais, mas investigações estão a decorrer.

Na Comissão Parlamentar de Saúde, Álvaro Almeida, diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), afirmou que é "perfeitamente possível" que um médico que se dedique intensamente ao trabalho ganhe até 400 mil euros por ano, realizando cirurgias adicionais em hospitais públicos com o objetivo de diminuir as listas de espera.
A declaração surgiu em resposta à solicitação da bancada da Iniciativa Liberal (IL) para discutir a produção adicional do serviço de dermatologia na Unidade Local de Saúde Santa Maria, num contexto onde se soube que um médico recebeu quantias elevadas por operar pacientes aos sábados.
Almeida ressaltou que, até ao momento, não há conclusões sobre possíveis fraudes no caso específico do Hospital de Santa Maria, uma vez que um inquérito da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) ainda se encontra em curso. "Não podemos afirmar que existiu falta de controlo; é necessário aguardar pelos resultados", frisou.
Em resposta a questionamentos da deputada da IL, Joana Cordeiro, Almeida destacou que a execução de cirurgias adicionais é essencial para melhorar o acesso aos cuidados de saúde e que o sistema de compensação existe precisamente para recompensar o esforço extra dos profissionais. Ele defendeu que o montante recebido por um médico não implica, por si só, uma ausência de supervisão.
O responsável também fez questão de esclarecer que a DE-SNS não atua como um organismo central de planeamento. "Monitorizamos o cumprimento dos contratos-programa, mas não podemos controlar individualmente os 150 mil trabalhadores do SNS," concluiu.