Merkel defende urgência na proteção climática
A ex-chanceler alemã Angela Merkel enfatizou a importância da proteção climática, alertando para a gravidade das consequências das alterações climáticas na entrega do Prémio Gulbenkian 2025.

Angela Merkel, antiga chanceler da Alemanha, fez um apelo urgente hoje sobre a necessidade de proteger o clima e os recursos naturais da Terra, afirmando que esta questão é “mais importante do que nunca”. Este alerta foi feito durante a cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2025, que foi atribuído à organização Coligação para a Antártida e o Oceano do Sul (ASOC) pelo seu empenho na salvaguarda de um dos ecossistemas mais delicados do planeta.
Diante de um cenário global marcado por guerras e mudanças nas prioridades, Merkel destacou que a defesa do clima não deve ser relegada para segundo plano. Ela sublinhou que as implicações das alterações climáticas podem afetar os fundamentos da vida humana, independentemente de outras crises em curso.
Recordando os recentes recordes de calor na Europa, Merkel sublinhou que os efeitos das alterações climáticas estão a tornar-se cada vez mais evidentes. Neste contexto, a escolha da ASOC, entre 212 candidaturas de 115 países, visa chamar atenção para a importância da Antártida no combate às alterações climáticas.
A ex-chanceler salientou a relevância do gelo marinho na regulação do clima e mencionou um relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) de 2019 que aborda a importância crítica dos oceanos e da criosfera.
Merkel referiu ainda que a declaração da ONU de 2025 como Ano Internacional da Conservação dos Glaciares evidencia a atualidade e a relevância desta temática. O trabalho da ASOC tem sido fundamental nos últimos 47 anos, referindo-se a ela como a voz principal na busca de uma abordagem responsável para a Antártida e o Oceano Austral.
Claire Christian e Jim Barnes, representantes da ASOC, agradeceram o prémio de um milhão de euros e reconheceram o esforço dos ativistas que estabeleceram as bases para a proteção da Antártida. Christian destacou o apoio contínuo de uma vasta rede de indivíduos e organizações que se empenham na causa, apesar dos desafios que surgem.
Jim Barnes advertiu para o aumento do dióxido de carbono na atmosfera, reafirmando a necessidade de tratar a Antártida e o Oceano Austral como um Parque Mundial desmilitarizado, proibindo atividades minerais e controlando rigorosamente a pesca.
António Feijó, presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, enfatizou que a proteção dos locais mais remotos da Terra é vital para garantir o futuro da humanidade. Ele também recordou a história da Fundação Gulbenkian e as suas contribuições ao longo de 70 anos.