Moçambique está preparado para o reinício do ambicioso projeto da TotalEnergies

O Governo moçambicano anunciou hoje que as condições estão reunidas para a retoma do megaprojeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Cabo Delgado. A afirmação surgiu após uma reunião entre o Presidente Daniel Chapo e Patrick Pouyanné, líder da TotalEnergies.

Estêvão Pale, ministro dos Recursos Minerais e Energia, afirmou que estão a ser implementadas todas as medidas necessárias para que os investidores possam reiniciar as atividades assim que possível. Durante uma cerimónia em Inhambane, o ministro reforçou que o governo está empenhado na facilitação deste processo.

A reunião, que ocorreu na quinta-feira, foi confirmada pela petrolífera francesa, embora os detalhes não tenham sido divulgados. Pouyanné já tinha expressado anteriormente a possibilidade de retomar o megaprojeto avaliado em 20 mil milhões de dólares ainda este ano. Várias empresas subcontratadas começaram a ser convocadas para preparar o regresso ao trabalho na península de Afungi, onde as operações foram suspensas há quatro anos devido a ataques terroristas na região.

Pale também destacou o apoio contínuo do Presidente para que o projeto seja reiniciado rapidamente. Contudo, o levantamento da cláusula de força maior, que foi acionada em 2021 por causa dos ataques, depende diretamente da TotalEnergies e dos seus parceiros, conforme esclareceu o ministro.

Atualmente, a TotalEnergies lidera o consórcio da Área 1 e está a desenvolver a construção de uma central em Afungi, destinada à produção e exportação de GNL, com uma participação de 26,5%, juntamente com parceiros moçambicanos e a Mitsui, que detém 20% do projeto.

O Presidente Chapo, em declarações anteriores, enfatizou que o levantamento da cláusula de "força maior" é fundamental para o avanço do projeto de gás natural. Ele salientou que a produção prevista pode atingir 13,12 milhões de toneladas anuais de GNL.

De acordo com a informação da TotalEnergies, 13 mil milhões de dólares dos 15 mil milhões de dólares necessários para o projeto estão garantidos, incluindo um investimento recente do US Exim Bank de 4,7 mil milhões de dólares. Agora, aguarda-se a decisão de bancos europeus sobre o financiamento restante.

Moçambique conta com três projetos já aprovados para explorar as vastas reservas de gás natural da bacia do Rovuma, localizadas ao largo da costa de Cabo Delgado, uma região afetada por uma intensa insurgência desde 2017. Até 2024, a crise já deixou um saldo trágico de 349 vítimas de ataques extremistas, revelando os desafios que o país continua a enfrentar.