Nvidia obtém luz verde dos EUA para exportar chips de IA para a China
A Nvidia anunciou a autorização dos EUA para retomar as exportações dos seus chips H20 para a China, em meio a tensões comerciais entre os dois países.

Numa reviravolta importante no panorama das tecnologias, a Nvidia, uma proeminente empresa norte-americana, anunciou que obteve a aprovação do governo dos Estados Unidos para reiniciar os envios dos seus sofisticados chips H20 para a China. Jensen Huang, o director executivo da empresa, fez o anúncio durante uma conferência em Pequim, transmitida pela CGTN.
Huang informou que as licenças necessárias para as exportações serão concedidas em breve, o que representa um avanço significativo para a Nvidia quando se considera a intensa guerra comercial entre os EUA e a China. «O governo dos EUA garantiu-nos que as licenças serão emitidas, e estamos prontos para iniciar as entregas em breve», disse ele.
O executivo destacou a relevância da China no campo da inteligência artificial, mencionando que cerca de metade dos investigadores desta área se encontram no país. Huang acrescentou que a inovação e dinamismo presentes na China fazem com que seja necessário que as empresas americanas permaneçam competitivas e ativas no mercado chinês.
A visita de Huang a Pequim, a terceira em menos de um ano, ocorre num contexto onde a Nvidia luta para manter a sua posição num dos seus mercados mais importantes, mesmo com o aumento das restrições impostas por Washington.
Na China International Supply Chain Expo, o executivo encontrou-se com Ren Hongbin, presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional, onde expressou a sua admiração pelo tamanho e vitalidade do mercado chinês, enfatizando a urgência de as empresas dos EUA se firmarem nesse espaço.
A Nvidia é uma das principais beneficiárias do crescimento acelerado da inteligência artificial, tendo recentemente atingido uma capitalização de mercado que supera os quatro biliões de dólares (cerca de 3,42 biliões de euros). Contudo, as contínuas tensões comerciais com a China, exacerbadas por restrições ao comércio de semicondutores avançados, têm colocado pressão sobre a empresa.
No passado mês de abril, as autoridades americanas impuseram limites à venda dos chips H20 da Nvidia e MI308 da AMD para a China. As novas regras poderão custo significativo para a Nvidia, estimado em cerca de 5,5 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros), levando Huang e outros líderes a apelarem à revisão dessas decisões, advertindo sobre os riscos para a competitividade dos EUA e o potencial impulso à tecnologia chinesa.
A empresa planeia implementar, ainda este ano, versões dos seus chips que estejam de acordo com as normas de exportação dos EUA, a fim de assegurar a sua presença no mercado chinês.
Em declarações anteriores, Huang já chamou a atenção para o facto de os controlos de exportação serem um "fracasso", uma vez que têm estimulado as empresas chinesas a desenvolverem soluções próprias, como evidenciado pelo modelo R-1 treinado pela empresa DeepSeek utilizando os chips H800 da Nvidia.
A entrada de novas startups chinesas no setor tem impactado o desempenho das ações da Nvidia, que enfrentaram uma desvalorização de até 12% após o lançamento do modelo da DeepSeek. Durante uma anterior visita à China, Huang manifestou a sua intenção de «aprofundar a presença da Nvidia no mercado chinês» e assumiu um compromisso de «contribuir ativamente para a colaboração económica e comercial entre os Estados Unidos e a China».
O mercado de semicondutores é considerado estratégico pela China, que busca cada vez mais alcançar a autossuficiência tecnológica e reduzir sua dependência de tecnologias externas, especialmente em um momento marcado por sanções e tensões com o governo de Washington.