Produtores de Vinho do Douro em Protesto: "Estamos a perder a esperança"

Hoje, os viticultores da região do Douro tomaram as ruas de Peso da Régua, acompanhados por um forte dispositivo policial, para expressar a sua indignação face às dificuldades de escoamento das uvas e à venda em condições precárias.

Os manifestantes, que se deslocaram a pé por diversas ruas da cidade, pararam em pontos estratégicos como a ponte rodoviária e a Estação Ferroviária, onde congestionaram o trânsito e exibiram cartazes com mensagens como "Exigimos aguardente regional" e "Não ao arranque da vinha".

Na sede do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), deixaram simbólica e provocatoriamente um fardo de palha à entrada, em um gesto que ilustra o descontentamento com a gestão do setor. "É para quem nos anda a gerir comer", afirmou André Coutinho, viticultor local, que se disse preocupado com o futuro tanto para ele como para os seus filhos.

Coutinho destacou que muitos viticultores estão à espera de vender as suas uvas, sem saber a quem ou a que preço. "Aqueles que têm garantia de venda para a produção de vinho do Porto não conseguem desfechar negociações para o restante da colheita", apontou.

José Fonseca, agricultor e empreiteiro, trouxe uma buzina para amplificar a sua voz e a de outros que, segundo ele, temem manifestar-se. "Se fôssemos todos unidos, a situação seria diferente", refletiu.

Esmeralda Pinto, de Galafura, que já participou de outras manifestações, reiterou que está disposta a voltar sempre que necessário: "O agricultor já está com a corda ao pescoço, já não aguentamos mais".

A situação agrava-se com o corte no benefício de mosto, que poderá descer drasticamente em 2024. Os viticultores estão em alerta, com a próxima reunião interprofissional prevista para esta sexta-feira no Peso da Régua, onde se discutirá o futuro do setor.

A GNR, por sua vez, mobilizou um robusto contingente para garantir a segurança durante o protesto.