Reserva Federal reafirma a sua autonomia em face das pressões políticas
O presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, sublinhou a necessidade de independência dos bancos centrais, frente à crítica do presidente Trump sobre a taxa de juro.

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, destacou a relevância da independência dos bancos centrais em relação às influências governamentais, num contexto de críticas por parte do Presidente Donald Trump.
Num encontro com jornalistas, Powell esclareceu a decisão da Fed de manter as taxas de juro no intervalo de 4,25%-4,5%. “Ter um banco central independente é um acordo institucional que beneficia a sociedade. É crucial que este princípio continue a ser respeitado”, afirmou em resposta às pressões de Trump para abaixar as taxas.
Powell enfatizou que a autonomia permite à Fed adoptar decisões difíceis baseadas em dados e na análise de riscos, em vez de se deixar levar por considerações políticas. "Governos em diversas nações desenvolvidas têm procurado assegurar uma separação clara entre a política e as decisões económicas", comentou.
De acordo com Powell, a falta de independência poderia levar a tentações como a manipulação das taxas de juro para influenciar resultados eleitorais, algo que seria inaceitável.
A decisão da Fed foi dividida, com dois membros a votarem contra a manutenção das taxas. Powell permanece prudente em relação à inflação, que está acima da meta de 2%, e expressou preocupação com a evolução do mercado de trabalho, que continua a ser um foco da instituição.
O impacto das tarifas impostas por Trump a outros países já começa a ser percebido, mas ainda é cedo para prever a estabilização da situação económica. Segundo Powell, “estamos a observar o início deste efeito”, afirmando que tanto consumidores como empresas serão afectados.
No comunicado, a Fed indicou que os dados recentes apontam para um crescimento económico moderado no primeiro semestre do ano, com uma taxa de desemprego que se mantém baixa e um mercado de trabalho em boas condições, mas com a inflação ainda elevada.
A incerteza acerca das perspectivas económicas permanece significativa. Os votos a favor da política monetária incluem Powell e outros destacados membros, enquanto Michelle W. Bowman e Christopher J. Waller votaram pela redução das taxas. A ausência de Adriana D. Kugle também foi notada.
Donald Trump tem insistido na necessidade de cortes nas taxas de juro, designando Powell como “perdedor” e criticando a sua gestão. O mandato de Powell como presidente da Fed estende-se até maio de 2026, e este mostrou determinação em concluir a sua função, apesar das ameaças de despedimento por parte do Presidente.