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Situação crítica das famílias do Talude Militar: Desalojados voltam a viver em condições precárias

Famílias do Talude, incluindo crianças, enfrentam noites em tendas ou ao relento após demolições. O apoio da autarquia é considerado insuficiente.

16/07/2025 14:20
Situação crítica das famílias do Talude Militar: Desalojados voltam a viver em condições precárias

As famílias que habitavam o bairro do Talude Militar em Loures estão a passar mais uma noite em tendas ou ao relento, após a demolição de suas casas ordenada pela Câmara Municipal. Kedy Santos, deputado municipal da CDU e ativista do movimento Vida Justa, confirmou que ainda existem crianças entre os desalojados desde a última segunda-feira.

Na operação realizada pela autarquia, foram demolidas 64 habitações precárias que abrigavam 161 pessoas, com 51 demolições a ocorrer na segunda-feira e mais quatro a seguir na terça-feira. Contudo, a operação foi suspensa após um despacho do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, que decretou uma suspensão provisória em resposta a um pedido de moradores.

Kedy Santos expressou a sua indignação ao relatar a situação de uma mãe e seus filhos que dormiam num colchão sobre o chão, iluminados apenas pela luz de um telemóvel. “Não sou contra a remoção de barracas, mas colocar as pessoas na rua sem uma solução é inaceitável”, disse, acrescentando que a responsabilidade recai não apenas sobre o município, mas também sobre o Estado.

A autarquia, por outro lado, dispõe de mecanismos que não está a utilizar para a construção de habitação adequada, segundo Santos. O movimento Vida Justa iniciou uma campanha de angariação de donativos para apoiar as famílias afetadas, solicitando alimentos, tendas e apoio financeiro, além de já terem recebido algumas doações.

Relatos indicam que as máquinas demolidoras permanecem inativas, enquanto técnicos da câmara são acusados de intimidar os residentes a aceitarem os apoios sociais propostos. A autarquia, por sua vez, garante que o suporte alimentar foi oferecido, assim como a possibilidade de um mês de caução e renda para novos arrendamentos. No entanto, o Vida Justa considera esses apoios insuficientes, argumentando que os desalojados não encontrarão habitação acessível.

Na terça-feira, a câmara informou que uma família foi direcionada para um centro de acolhimento, enquanto duas outras foram realojadas em hotel. Contudo, uma família acabou por recusar o apoio do Instituto de Segurança Social e decidiu voltar ao bairro. Das 51 famílias afetadas, 24 já procuraram ajuda nos serviços sociais da autarquia.

O executivo camarário reiterou que a construção de habitações precárias não é uma solução viável para o crescente problema da habitação no concelho, onde cerca de 1.000 pessoas aguardam por uma casa.

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