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Situação em Gaza atinge níveis críticos, alerta PAM

O Programa Alimentar Mundial revela que um terço da população em Gaza enfrenta fome extrema, enquanto condições humanitárias nunca foram tão severas.

11/07/2025 20:35
Situação em Gaza atinge níveis críticos, alerta PAM

No encontro com jornalistas em Nova Iorque, o diretor adjunto do Programa Alimentar Mundial (PAM), Carl Skau, destacou as condições alarmantes que vivem os habitantes de Gaza. "O que vi nesta visita é sem precedentes. As necessidades humanitárias são alarmantes e a nossa capacidade de resposta está drasticamente limitada", afirmou Skau.

Recentes relatórios indicam que a totalidade da população do enclave palestiniano enfrenta grave insegurança alimentar, com 500.000 pessoas a passar fome. Skau afirmou que "só nos últimos dias a situação piorou", revelando que 90.000 crianças precisam com urgência de tratamento para subnutrição.

"Cerca de uma em cada três pessoas em Gaza passa dias sem comer. Algumas mães até tentam evitar que as crianças brinquem para que não usem mais energia do que a que conseguem obter da comida", partilhou o representante do PAM.

Além do desafio da insegurança alimentar, Skau também mencionou o deslocamento forçado de famílias palestinianas em resultado de exigências israelitas. Enquanto em fevereiro algumas famílias tinham mudado de casa entre duas a três vezes, atualmente esse número aumentou para "20 a 30 vezes".

Ele destacou que, à medida que as pessoas se deslocam, têm menos condições de sobrevivência e que é "triste" que muitos estejam a morrer ao tentarem obter comida. Desde 27 de maio, quase 800 pessoas perderam a vida em Gaza ao tentar buscar ajuda, a maioria nas imediações de locais geridos pela Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA e Israel.

Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, informou que a maioria dos feridos foi causada por disparos de armas. Apesar disso, a ONU e outras organizações humanitárias têm evitado colaborar com a fundação, acusando-a de servir a interesses militares e de desrespeitar princípios humanitários.

Skau fez um apelo à comunidade internacional, afirmando ser "impossível" operacionalizar os esforços da ONU sob as condições atuais, com 85% do enclave em territórios com operações militares ativas. "As nossas equipas enfrentam atrasos significativos em pontos de controlo e faltam-nos os recursos necessários para operar eficazmente”, explicou.

Embora tenha mencionado que existem suprimentos suficientes nas fronteiras para alimentar a população durante cerca de dois meses, Skau ressaltou que isso não será suficiente para "virar o jogo da fome". “O que realmente precisamos é de um cessar-fogo imediato”, concluiu.

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