Viticultores do Douro apresentam exigências ao governo
A Confederação Nacional da Agricultura entregou uma moção com reivindicações dos viticultores do Douro, pedindo a proibição de compras de uvas a preços inferiores aos custos de produção.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) apresentou, esta manhã, uma moção na residência oficial do Primeiro-Ministro, onde expôs as necessidades prementes dos viticultores do Douro. Entre as solicitações destaca-se a proibição da compra de uvas a preços abaixo dos custos de produção.
Vítor Rodrigues, dirigente da CNA, sublinhou a urgência de implementar medidas que têm carácter estrutural para enfrentar a crise que afeta a região. “É vital impedir a compra de uvas a preços que não cobrem os custos de produção”, afirmou Rodrigues durante uma conferência com os meios de comunicação.
Uma comitiva composta por cerca de 60 viticultores manifestou-se em frente à Assembleia da República enquanto uma delegação da CNA estava a entregar a moção no Palácio de São Bento. Segundo Rodrigues, a recepção não foi feita pelo Primeiro-Ministro, mas por dois assessores com quem foram discutidas as exigências.
O dirigente chamou ainda a atenção para a necessidade de uma maior utilização da produção local na fabricação da aguardente usada no Vinho do Porto, o que, segundo ele, resolveria o problema do escoamento de produtos na região. No entanto, mencionou também que "vinhos de fora continuam a ser introduzidos no mercado", o que prejudica a produção local.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, que também esteve presente na manifestação, defendeu que o aumento dos preços pagos aos produtores é fundamental para melhorar a situação. “Há anos que este tema é ignorado, e as grandes casas do Vinho do Porto concentram a riqueza, prejudicando os pequenos proprietários”, afirmou.
O deputado Jorge Pinto, do Livre, enfatizou que a aguardente utilizada para o Vinho do Porto deve ser exclusivamente feita com uvas da região e pediu a proibição da importação de aguardente de fora do Douro. Por sua vez, Pedro Frazão, do Chega, criticou a actual situação da Casa do Douro, afirmando que esta não tem condições para apoiar os viticultores adequadamente.
Rui Santos, deputado do PS e ex-autarca de Vila Real, argumentou ainda que é necessário criar uma linha de crédito específica para os viticultores da região, propondo que se ponha fim à importação de aguardente e vinhos de outras regiões, onde são vendidos como produtos locais.