Wall Street encerra em queda após Powell desiludir com expectativas de corte de juros
As negociações na bolsa de Nova Iorque terminaram em baixa após as declarações de Jerome Powell, que desmentiram a expectativa de redução da taxa de juro em setembro.

A bolsa de Nova Iorque fechou em território negativo nesta sessão, pressionada pelos comentários de Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA, que arrefeceram as esperanças de um corte nas taxas de juro de referência em setembro. O índice Dow Jones registou uma queda de 0,38%, enquanto o S&P 500 desvalorizou 0,12%. O Nasdaq, por sua vez, conseguiu uma pequena valorização de 0,15%.
"Powell demonstrou uma postura mais cautelosa do que muitos investidores antecipavam", afirmou Angelo Kourkafas, analista da Edward Jones, em declarações à AFP.
De acordo com a análise de Powell, "ainda persistem numerosas incertezas" relacionadas com os efeitos das novas tarifas aduaneiras implementadas por Donald Trump nas importações para os EUA.
No que respeita às negociações com os parceiros comerciais dos EUA, o presidente da Fed expressou que "ainda estamos longe de compreender a direção que as coisas irão tomar", enfatizando o "período dinâmico" que se vive atualmente, após a conclusão da reunião bissemanal do comité de política monetária (FOMC) da Fed.
O banco central optou, como era esperado, por manter a taxa de juro de referência inalterada, situada entre 4,25% e 4,50%, nível que se mantém desde dezembro anterior.
A maioria dos analistas tinha previsto um eventual corte na taxa na próxima reunião do FOMC em setembro, mas agora existem mais incertezas quanto a essa possibilidade, segundo o acompanhamento das perspetivas dos analistas realizado pelo CME.
Entre os 112 membros do FOMC, dois expressaram descontentamento com a decisão de manter a taxa, uma divisão que não se via há mais de três décadas.
Entretanto, Kourkafas destacou que "a maioria do comité mantém uma abordagem de vigilância, à qual já nos começamos a habituar".
No início da sessão, os investidores tinham-se mostrado otimistas com dados que indicam uma economia mais robusta do que o esperado, com um crescimento económico anualizado de 3% no segundo trimestre, bem acima da previsão de 2,3% feita pelos analistas da MarketWatch. Esta diferença é ainda mais marcante considerando que o PIB tinha diminuído 0,5% no primeiro trimestre, influenciado por um aumento nas importações, numa tentativa de mitigar os efeitos das novas tarifas.
O relatório mensal do ADP e do Stanford Lab, também divulgado hoje, revelou a criação de 104 mil empregos no setor privado em julho, superando as expectativas de 76 mil postos de trabalho.