Wall Street reage negativamente às novas ameaças tarifárias de Trump
A Bolsa de Nova Iorque encerrou a semana em queda, refletindo os receios dos investidores face às recentes ameaças tarifárias de Donald Trump, especialmente em relação ao Canadá.

A sessão de hoje na Bolsa de Nova Iorque terminou com descidas, evidenciando as preocupações dos investidores perante as ameaças tarifárias do presidente Donald Trump. O índice Dow Jones Industrial Average registou uma perda de 0,63%, enquanto o Nasdaq perdeu 0,22% e o S&P 500, que é mais abrangente, caiu 0,33%.
José Torres, da Interactive Brokers, comentou que "uma nova ronda de ameaças tarifárias do presidente Trump está a condicionar o apetite ao risco dos investidores, especialmente após uma semana de máximos históricos nas negociações de ontem".
Na quinta-feira, Trump focou novamente o Canadá, anunciando uma sobretaxa de 35%, uma das mais elevadas propostas recentemente, e criticou o país por retaliar as suas tarifas. No decorrer da semana, cerca de vinte nações, maioritariamente na Ásia, foram notificados sobre as novas sobretaxas, que entrarão em vigor a partir de 1 de agosto.
O analista Adam Sarhan, da 50 Park Investments, declarou à agência France-Presse que, mesmo com a queda de hoje, a resposta do mercado ainda se mantém "bastante otimista". Nos últimos dias, tanto o Nasdaq como o S&P 500 registaram vários máximos de fecho. "Ainda não vimos tarifas substanciais serem aplicadas", lembrou Sarhan.
Os investidores estão agora à espera de desenvolvimentos relacionados com várias economias, incluindo a Índia e a União Europeia. Para a próxima semana, José Torres alertou para uma "longa lista de dados importantes" que poderão influenciar os mercados, incluindo a inflação ao consumidor e a dos produtores, além de um novo indicador de confiança do consumidor.
Os especialistas vão monitorizar atentamente a forma como as tarifas de Trump se repercutem na cadeia de abastecimento e nos preços finais, para avaliar o impacto na política monetária da Reserva Federal. A maioria dos investidores acredita que o banco central manterá as taxas inalteradas na próxima reunião, mas a expectativa de cortes nas taxas em setembro está a diminuir.
No mercado obrigacionista, o rendimento dos títulos a 10 anos aumentou significativamente, passando de 4,35% para 4,42%. No que diz respeito ao mercado de ações, a fabricante de jeans Levi Strauss teve um desempenho positivo, subindo 11,25% para 21,95 dólares, após resultados trimestrais inesperadamente bons. A Strategy, o maior detentor privado de bitcoin, cresceu 3,04%, para 434,58 dólares, impulsionada pela valorização da criptomoeda líder.
A gigante petrolífera britânica BP viu as suas ações subirem 3,55% para 32,64 dólares, após anunciar um aumento na produção e melhorias no desempenho da refinação. Por outro lado, as companhias aéreas sofreram perdas, após os resultados positivos da Delta Air Lines revelados na quinta-feira, com a American Airlines a descer 5,56% para 12,22 dólares e a United Airlines a recuar 4,34% para 87,89 dólares. A Delta limitou as suas perdas, com uma queda de 0,23% para 56,65 dólares.