A Arquitectura de Alvar Aalto em Destaque na Fundação de Serralves

A Fundação de Serralves, situada no Porto, inaugura uma exposição notável que apresenta 31 projetos arquitectónicos do célebre estúdio de Alvar Aalto (1898-1976), em colaboração com as suas duas esposas, Aino e Elissa. Esta mostra, disponível na ala Álvaro Siza do museu, tem como foco um dos arquitectos mais influentes do século XX, especialmente durante o período entre as guerras mundiais, e ficará em exibição até 4 de janeiro de 2024.

O curador da exposição, António Choupina, salienta que os projetos expostos abrangem desde os anos 1920 até 1994, ano da morte de Elissa Aalto, que completou alguns trabalhos de Alvar após o seu falecimento. “Temos 31 projetos, correspondendo aos 31 anos da morte de Elissa, e também assinalamos os 50 anos da morte de Alvar, em 2026, altura em que a exposição será encerrada”, explica o curador.

O diretor de Arquitetura da Fundação enfatiza que Aino e Elissa desempenharam papéis cruciais na gestão do estúdio, enquanto Alvar participava em congressos internacionais e lecionava no MIT. Durante o seu trabalho, Aalto concebeu edifícios emblemáticos como o Sanatório de Paimio, que respondia às necessidades dos doentes após a gripe espanhola, e produtos icónicos na Artek, uma loja de mobiliário e design que ainda é relevante hoje.

Embora menos afamado em comparação com contemporâneos como Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, junto de Aino, formou um dos primeiros “casais poderosos” da arquitetura. A sua notoriedade cresceu ao desenhar o pavilhão da Finlândia para as Exposições de Paris e Nova Iorque.

O impacto do seu trabalho chegou mesmo a Portugal, onde Álvaro Siza, depois de adquirir a revista L'Architecture d'Aujourd'hui em 1950, se deixou influenciar pela obra de Aalto. Choupina refere que Siza, em 1988, foi agraciado com a medalha Alvar Aalto, que estará exposta, sublinhando a importância de Aalto para a sua própria carreira.

A exposição procura também destacar a equidade de Aino e Elissa ao lado de Alvar, refletida no título simples e direto, “Aalto”. O seu contributo foi fundamental para garantir que a obra e a visão de Alvar continuassem a prosperar. O itinerário da exposição culmina na Igreja de Santa Maria da Assunção, construída na Itália após a morte de Alvar.

Com 15 salas repletas de projetos diversos, a mostra inclui desde museus e bibliotecas até a Ópera Aalto em Essen e até uma redação de jornal. Este corpo de trabalho desafiante inclui até uma maquete de um barco, simbólico da crise de meia-idade de Alvar, refletindo o seu espírito criativo.

Para além dos edifícios, Serralves apresenta uma instalação inspirada na aurora boreal, uma alusão à estética dos Aalto. O nome da família, significando “onda”, reflete a fluidez da sua arquitectura, que sempre buscou criar ambientes que promovem o bem-estar.