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A percepção da insegurança supera as estatísticas de criminalidade

O Observatório de Segurança e Defesa da SEDES afirma que o sentimento de insegurança é tão relevante quanto os números, apesar da queda da criminalidade desde 2000.

há 3 horas
A percepção da insegurança supera as estatísticas de criminalidade

O Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, num relatório recentemente publicado, evidenciou que, apesar de a criminalidade ter reduzido 1,3% desde o ano 2000, as referências a crimes nas capas dos jornais aumentaram drasticamente, com uma subida média de 130% nas últimas duas décadas e meia.

A instituição afirma que o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) não fornece uma visão completa da insegurança, tanto objetiva quanto subjetiva, uma vez que não abrange todos os aspectos da criminalidade participada. Além disso, enfatiza que a forma como a justiça atua também influencia enormemente a percepção de segurança da população.

O observatório sublinha que é crucial dar atenção aos fatores que geram sentimentos de insegurança, já que estes podem ser tão ou mais significativos do que os números reais de criminalidade. Para abordar essa questão, o relatório sugere a realização periódica de inquéritos de vitimização no âmbito da Lei de Segurança Interna, visando uma melhor quantificação dos crimes e comportamentos incivis.

Além disso, propõe o desenvolvimento de estratégias comunicacionais eficazes entre as forças de segurança e a magistratura, com o objetivo de proporcionar uma informação clara e transparente ao público.

A SEDES sugere ainda que o RASI inclua dados comparativos da criminalidade ao longo de pelo menos uma década e que haja uma melhor integração entre o sistema judicial e as forças de segurança.

O objetivo é alinhar a percepção pública sobre a insegurança com a realidade criminal, promovendo assim uma maior confiança nas instituições e fomentando melhores políticas públicas. O relatório ressalta que o progresso e o desenvolvimento da sociedade só são possíveis em um ambiente seguro para todos os cidadãos.

A análise abrangeu as capas de jornais como Correio da Manhã, Diário de Notícias, Expresso e Sol, permitindo verificar a evolução do espaço dedicado às notícias sobre crimes. Os dados demonstraram que, entre 2000 e 2005, um crime de alta visibilidade era mencionado em média durante 2,5 semanas, com cerca de seis referências, enquanto que, entre 2021 e 2024, essa média aumentou para 4,5 semanas, com doze menções.

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