Antigo cometa interestelar 3I/ATLAS pode reescrever a história cósmica
Cientistas descobrem 3I/ATLAS, um cometa possivelmente mais antigo que o Sistema Solar. Este objeto interestelar oferece novas perspectivas sobre a formação da galáxia.

Uma descoberta fascinante ocorreu na semana passada com o objeto interestelar 3I/ATLAS, agora considerado como o cometa mais antigo já observado, com uma possível idade que ultrapassa os 7 mil milhões de anos e que poderia data do tempo anterior à formação do Sistema Solar em mais de 3 mil milhões de anos. A informação foi revelada na passada sexta-feira por investigadores envolvidos no estudo.
O 3I/ATLAS é o terceiro objeto fora do nosso Sistema Solar identificado na "vizinhança cósmica" da Terra e é notável por ser o primeiro a ter a sua origem localizada numa região distinta da nossa galáxia, a Via Láctea. Matthew Hopkins, astrónomo da Universidade de Oxford, discorre sobre a importância desta descoberta, que ele considera ser "a mais significativa" até ao momento no campo da astronomia interestelar, conforme noticiou a agência Efe.
Diferente dos seus predecessores, que adentraram o Sistema Solar a partir de locais distantes do cosmos, o 3I/ATLAS segue uma trajetória empinada através da galáxia e provavelmente originou-se no disco espesso da Via Láctea, uma região onde reside um conjunto de estrelas antigas em órbita. “Os cometas que conhecemos, como o Halley, formaram-se com o Sistema Solar e, portanto, não podem ter mais de 4,5 mil milhões de anos”, afirmou Hopkins, que apresentará os resultados na próxima semana durante o Encontro Nacional de Astronomia de 2025 da Royal Astronomical Society, em Durham.
O 3I/ATLAS foi avistado pela primeira vez a 01 de julho de 2025, pelo Telescópio de Investigação ATLAS, no Chile, quando estava a cerca de 670 milhões de quilómetros do Sol. As análises sugerem que este objeto, possivelmente rico em água congelada, representa uma parte da galáxia que nunca foi explorada de perto até agora. Chris Lintott, coautor do estudo e apresentador do programa The Sky at Night da BBC, mencionou que há cerca de 66% de probabilidades de que este cometa seja mais antigo que o Sistema Solar e de que esteja a vagar pelo espaço interestelar desde então.
Com a aproximação ao Sol, a luz solar deverá ativar uma série de reações no 3I/ATLAS, que eventualmente provocarão uma atividade cometária visível, como a formação de uma cabeleira e uma cauda brilhante. As primeiras observações indicam que o cometa poderá ser mais ativo e maior em comparação com outros objetos interestelares observados previamente, como o 1I/'Oumuamua, avistado em 2017, e o 2I/Borisov, em 2019.
A descoberta do 3I/ATLAS aconteceu de forma quase inesperada, enquanto a equipa de investigadores se preparava para iniciar o Levantamento do Legado Espaço-Temporal com o Observatório Vera C. Rubin, um projeto ambicioso com a duração de uma década que visa capturar dados inéditos do céu. Os cientistas acreditam que esta iniciativa pode revelar entre 5 a 50 novos objetos interestelares.
“A descoberta do 3I aumenta a nossa esperança quanto ao potencial do Rubin; podemos muito bem encontrar até 50 objetos, alguns com dimensões semelhantes ao 3I”, sinalizou a investigadora Rosemary Dorsey, da Universidade de Helsínquia.
O 3I/ATLAS será visível com um telescópio amador de tamanhos razoáveis no final de 2025 e início de 2026, oferecendo uma oportunidade única para amantes da astronomia observarem um dos objetos mais antigos conhecidos.