Brasil protesta contra tarifas de Trump na OMC
O Brasil apresentou uma queixa na OMC contra as tarifas de 50% sobre as suas exportações para os EUA, que o governo considera prejudiciais e arbitrárias, destacando a necessidade de diálogo para resolver tensões comerciais.

O Brasil protocolou hoje uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) em resposta às tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros exportados para o seu país.
Na sua intervenção, o embaixador e secretário de Assuntos Económicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Philip Fox-Drummond Gough, caracterizou as tarifas como "arbitrárias" e afirmou que foram "anunciadas e implementadas de forma caótica".
O diplomata brasileiro expressou a preocupação de que tais medidas "desestruturem as cadeias globais de valor", alertando que podem provocar uma "espiral de preços altos e estagnação" na economia mundial. Gough defendeu a importância do sistema multilateral de comércio e a necessidade de seus membros unirem esforços para promover reformas estruturais na OMC, visando sua recuperação como plataforma de resolução de disputas e defesa dos interesses legítimos através do diálogo.
As tarifas de Trump foram justificadas pelo presidente norte-americano com a alegação de um desequilíbrio no comércio bilateral e críticas à forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta processos judiciais no seu país após a sua derrota nas eleições de 2022. Bolsonaro é acusado de ter tentado organizar um golpe de Estado em colaboração com ex-ministros e oficiais militares.
Recentemente, o ex-presidente Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, informaram que estão a pressionar os EUA para que imponham sanções ao Brasil, caso os processos judiciais contra ele não sejam anulados. Eduardo Bolsonaro, presente nos Estados Unidos desde março, afirmou que influenciou a decisão de Trump acerca das tarifas, ameaçando com a aplicação das mesmas a partir de 1 de agosto, caso não seja concedida uma ampla amnistia.
Além disso, o Departamento de Estado dos EUA suspendeu os vistos de viagem de oito dos onze juízes do Supremo Tribunal Federal do Brasil.