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Cães têm a capacidade de detectar a doença de Parkinson pelo olfato

Um estudo britânico revela que cães conseguem reconhecer a doença de Parkinson através do cheiro de amostras de pele, proporcionando novas oportunidades para diagnósticos precoces.

23/07/2025 17:20
Cães têm a capacidade de detectar a doença de Parkinson pelo olfato

Um recente estudo realizado no Reino Unido demonstrou que cães podem ser habilitados para detectar a doença de Parkinson através do olfato, uma descoberta inovadora publicada no Journal of Parkinson's Disease.

Durante um ensaio clínico com dupla ocultação, um Golden Retriever e um Labrador foram capazes de identificar amostras de pele provenientes de indivíduos com Parkinson, sugerindo que as secreções oleosas produzem um odor característico que os cães conseguem perceber.

A investigadora de comportamento animal, Nicola Rooney, da Universidade de Bristol, comentou: "Os cães deste estudo mostraram uma sensibilidade e especificidade elevadas, revelando que existe uma assinatura olfativa única nos pacientes com esta doença." Os níveis de sensibilidade variaram entre os 70% e os 80%, indicando que os caninos podem ser uma ajuda valiosa no desenvolvimento de métodos de diagnóstico rápidos, não invasivos e económicos para a identificação da doença.

A ausência de um teste precoce eficaz para o Parkinson tem levado muitos cientistas a explorar potenciais biomarcadores na pele humana. A conexão entre a alteração do odor corporal e o Parkinson começou a ser estudada há cerca de uma década, inspirada pela experiência de Joy Milne, uma enfermeira escocesa que detectou, anos antes do diagnóstico do seu marido, algo diferente no seu odor.

Joy Milne, popular entre os neurocientistas pelo seu "super olfato", conseguiu identificar corretamente os pacientes com Parkinson com base apenas no cheiro das camisas, com um erro que se revelou correto quase um ano depois. Este fenómeno levantou a questão: será que os cães também poderiam perceber este cheiro distintivo?

Com o extraordinário sentido de olfato que possuem, os cães já provaram ser capazes de detectar diversas condições médicas, incluindo stress e infecções. Assim, a hipótese de que poderiam reconhecer o odor da doença de Parkinson tornou-se um foco de interesse nas últimas décadas.

O estudo britânico resulta da colaboração entre o programa Medical Detection Dogs e neurocientistas da Universidade de Manchester, com o objetivo de desvendar os compostos que os cães estão a detetar e a razão pela qual o fazem. Investigadores de Manchester já identificaram compostos que diferenciam o cheiro específico do Parkinson, validação que foi feita posteriormente por Joy Milne.

Após a identificação, estes compostos foram utilizados para desenvolver um teste de cotonete diagnóstico para a doença, que atualmente está em fase de testes. A esperança é que, no futuro, os cães formados possam auxiliar os neurocientistas na busca por biomarcadores mais precisos da doença.

Contudo, nem todos os cães se mostram aptos para esta tarefa; apenas 2 em cada 10 dos que participaram nos testes conseguiram ser formados adequadamente, sem desempenhos perfeitos. Um cão, por exemplo, indicou erroneamente que 10% dos cotonetes de indivíduos saudáveis provinham de pessoas com Parkinson, enquanto outro apresentou alarmes falsos em menos de 2% dos casos. Apesar disso, os resultados demonstram que os cães conseguem identificar a condição acima do acaso, apresentando uma validação inicial promissora.

"Estamos extremamente satisfeitos por mais uma vez provar que os cães são capazes de detectar doenças com precisão", afirmou Claire Guest, CEO da Medical Detection Dogs. Considerando que atualmente não existe teste precoce para o Parkinson e que os sintomas podem manifestar-se até 20 anos antes de serem devidamente reconhecidos, esta pesquisa abre portas a novas estratégias de diagnóstico.

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