Cidades emergentes superam Pequim e Xangai na dinâmica económica da China
Um relatório revela que as economias mais vibrantes da China incluem agora cidades como Hangzhou e Hefei, não mais restringindo-se a gigantes como Pequim e Xangai.

De acordo com um novo estudo da Economist Intelligence Unit (EIU), as cidades chinesas que lideram o crescimento económico já não se limitam a metrópoles como Pequim e Xangai. Com a ascensão de centros menos conhecidos como Hangzhou e Hefei, o panorama económico do país está a passar por uma transformação significativa.
O relatório, divulgado na terça-feira, classifica as cidades em função do seu potencial de crescimento. Hangzhou, que abriga o gigante do comércio eletrónico Alibaba e várias empresas tecnológicas, ocupa a primeira posição pela quinta vez consecutiva. Seguem-se Hefei, conhecida pela sua posição como centro da indústria de semicondutores e veículos elétricos, e Chengdu, um importante polo industrial no sudoeste da China. Curiosamente, Pequim, Cantão e Xangai não figuram entre as dez primeiras da lista.
Os autores do relatório, Xu Tianzeng e Su Yue, sublinham que a evolução reflecte “a ascensão da indústria transformadora em contraste com a estagnação do setor de serviços”. Este cenário é agravado por uma crise imobiliária prolongada que tem limitado o consumo, deixado a economia amarrada à produção.
Hangzhou, em particular, recuperou com vigor após as restrições impostas pelo governo a empresas tecnológicas em 2021, consolidando a sua liderança no sector da inteligência artificial, com contribuições significativas de empresas como a DeepSeek. A cidade destaca-se ainda pela robustez da sua posição fiscal.
A metrópole alberga também os conhecidos “seis pequenos dragões”, um conjunto de 'startups' promissoras, entre as quais estão a Unitree Robotics e a BrainCo, concorrente da Neuralink. As autoridades da província de Zhejiang, onde se localiza Hangzhou, estão a priorizar o incentivo a empresas de alta tecnologia, tendo recentemente anunciado um plano para que mais de 80% das startups cotadas até 2027 pertençam ao sector tecnológico.
O relatório assinala ainda que Hefei e Chengdu estão a realizar “investimentos audazes” em tecnologias cruciais para o seu crescimento. Hefei, por exemplo, apostou na CXMT, um dos principais produtores de 'chips' de memória DRAM na China, que se prepara para uma oferta pública inicial, em busca de competir com a Coreia do Sul e os EUA no mercado global de semicondutores. Chengdu, por sua vez, investe na Hygon, uma colaboração com a AMD.
Os esforços de ambas as cidades geraram não só retornos significativos, mas também ajudaram a estabelecer ecossistemas industriais amplos nas regiões circundantes. A área metropolitana que inclui Chengdu, Deyang, Meishan e Ziyang registou um impressionante crescimento médio superior a 7% no primeiro trimestre de 2025, consolidando-se como uma das regiões mais dinâmicas do país.
Simultaneamente, a aposta da China na energia limpa está a fomentar um crescimento robusto em cidades menores, cujas economias estão ligadas às tecnologias de energia renovável. Cidades como Xinyu e Yichun, na província de Jiangxi, beneficiaram da crescente demanda por lítio, vital para veículos eléctricos e armazenamento energético. Jinchang, no noroeste de Gansu, registou uma impressionante taxa anual de crescimento de 12,9%, impulsionada pelo investimento em infraestruturas de energia renovável, dinamizando a indústria de metais não ferrosos.
Contudo, o relatório alerta que essas cidades em ascensão também enfrentam desafios e vulnerabilidades, como a susceptibilidade a ciclos de preços de matérias-primas e as consequências de ajustamentos na capacidade industrial.