Cimeira Alemã Foca em Restrições Migratórias na Europa
A Alemanha convoca uma cimeira com países da "linha dura" para discutir restrições migratórias, visando uma política mais rigorosa e o combate à imigração ilegal.

A Alemanha reúne nesta sexta-feira uma cimeira em Zugspitze, na Baviera, para debater a política migratória da Europa, com foco no endurecimento das restrições. O encontro, convocado pelo ministro do Interior, Alexander Dobrindt, contará com a presença de representantes de países conhecidos por uma postura rígida face à imigração, como França, Polónia, Áustria, Dinamarca e República Checa.
Dobrindt explicou que a meta da reunião é impulsionar uma política migratória mais rigorosa a nível europeu, com o intuito de apresentar uma agenda unificada para agilizar a resposta à crise migratória. O novo governo alemão, liderado pelo chanceler conservador Friedrich Merz, deseja posicionar-se como líder nas soluções para esta problemática. Sabe-se que foram já anunciadas medidas para rejeição de pedidos de asilo nas fronteiras terrestres.
Esta nova abordagem contrasta significativamente com a postura da ex-chanceler Angela Merkel, que em 2015 abriu as portas a milhares de refugiados, justificando essa decisão pela necessidade de proteger aqueles em situações desesperadas. Esta orientação de Merkel gerou uma onda de reações negativas e impulsionou a ascensão de movimentos anti-imigração na Alemanha, especialmente entre as forças da extrema-direita.
Embora o sucessor de Merkel, Olaf Scholz, tenha sido mais moderado nas suas políticas, a sua administração tem vindo a implantar algumas restrições adicionais, aumentando os controlos nas fronteiras e preocupando países vizinhos com potenciais impactos no espaço Schengen.
A cimeira abordará também o combate ao tráfico de seres humanos, com Dobrindt a afirmar que o objetivo final é eliminar a imigração ilegal, na certeza de que as soluções devem ser implementadas a nível europeu e não apenas nacional.
Estarão em discussão assuntos relevantes para países como a França, que, recentemente, tem estado sob pressão devido ao aumento do sentimento de insegurança relacionado com a imigração. Medidas restritivas foram implementadas, incluindo o aumento do tempo máximo de detenção para migrantes irregulares.
A Polónia, um dos participantes, continua a acusar a Rússia e a Bielorrússia de utilizar migrantes como uma arma política, vendo-se forçada a reintroduzir controlos nas suas fronteiras como resposta.
Outro foco da cimeira estará na Áustria, que tem afirmado que os seus sistemas de acolhimento estão sobrecarregados e que, face a isso, decidiu suspender o reagrupamento familiar para requerentes de asilo. A Dinamarca, que recentemente pediu alterações à Convenção Europeia dos Direitos Humanos para facilitar expulsões de imigrantes criminosos, e a República Checa, defensora de acordos de "deslocalização" de migrantes, também estarão representadas.
A cimeira reflete uma tendência crescente na política europeia em direção ao endurecimento das políticas de imigração, com um foco claro no controle das fronteiras e na diminuição dos fluxos migratórios para a União Europeia.