Eduardo Cabrita critica Governo por negligenciar prevenção de incêndios
O ex-ministro Eduardo Cabrita expressa descontentamento com a falta de ação do Governo na prevenção de incêndios e a inexperiência da atual ministra da Administração Interna.

Na quarta-feira, o ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, manifestou a sua preocupação em relação ao que considera um abandono da prevenção de incêndios por parte do atual Governo. Durante uma entrevista à SIC Notícias, Cabrita afirmou ser "lamentável" o retrocesso na abordagem a estas questões, referindo que a discussão sobre incêndios só surge quando são uma realidade.
O político, que integrou o governo socialista de António Costa, criticou a resposta do Governo às tragédias dos incêndios de 2017, que causaram mais de 60 mortes, destacando que a "prioridade dada à prevenção" foi perdida. "Estamos a regredir anos na forma como tratamos estas questões", defendeu.
Cabrita sublinhou a "falta de comunicação" e de "coordenação política" no combate aos incêndios, enfatizando que a responsabilidade vai além do âmbito da Administração Interna. Ele classificou as recentes declarações da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, sobre a insuficiência de meios aéreos como um reflexo de "total inexperiência" na área.
A ministra, que referiu que a quantidade de meios aéreos disponíveis é "irrelevante" devido à complexidade do terreno, foi igualmente criticada por Cabrita, que considerou que tal afirmação revela uma "dessintonia com as verdadeiras necessidades" no combate aos incêndios. "Os incêndios não devem ser vistos apenas como uma fatalidade no verão, mas sim como uma questão que exige coordenação e um enfoque contínuo na prevenção", destacou.
Cabrita recordou que, após os incêndios de 2017, a prevenção era uma "prioridade política", mas que isso foi esquecido pelo Governo de Luís Montenegro. O ex-ministro concluiu afirmando que "temos um Governo que se mostrou incapaz", apesar de existir uma estrutura de Proteção Civil em que os portugueses podem confiar.
Nota-se ainda que, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, havia 17 incêndios rurais significativos em progresso até às 19h00 de quarta-feira.