EUA em Conflito Comercial com o Brasil: PIX no Centro da Controvérsia
Joana Mortágua critica a investigação dos EUA ao Brasil, centrada no sistema de pagamentos PIX, destacando a indignação brasileira e o impacto nas relações comerciais.

Joana Mortágua, parlamentar do Bloco de Esquerda, fez hoje duras críticas ao governo dos Estados Unidos por ter iniciado uma investigação comercial ao Brasil, motivada, entre outras razões, pelo sistema de pagamentos eletrónicos brasileiro, conhecido como PIX, que assemelha-se ao MBWay em Portugal.
Em declarações nas redes sociais, Mortágua sublinhou a insatisfação das grandes empresas tecnológicas norte-americanas em relação ao funcionamento do PIX e à postura do Brasil em relação a conteúdos ilegais nas plataformas digitais. "As big techs dos EUA estão incomodadas com a autonomia brasileira em matéria de pagamentos e estão a reagir à resistência do governo e dos tribunais brasileiros em seguir ordens externas", afirmou.
A deputada evidenciou ainda a importância do Brasil como o segundo maior mercado de cartões de crédito mundial e lamentou a relação comercial actualmente marcada por tensões. "A extrema-direita no Brasil anunciou uma entrega cega aos interesses norte-americanos, e Trump está a cobrar essa conta", declarou Mortágua, referindo-se ao contexto político do país.
Vale destacar que a administração de Donald Trump acusou o Brasil de praticar "concorrência desleal" através do seu sistema de pagamentos eletrónicos e anunciou tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. Lula da Silva, presidente brasileiro, já se manifestou contra a pressão dos EUA e reafirmou a defesa do PIX como uma conquista nacional.
No seu ofício, Trump apontou ainda que as desigualdades nas relações comerciais entre os dois países devem-se a uma série de medidas tarifárias e barreiras comerciais impostas pelo Brasil. Adicionalmente, criticou o tratamento dado a Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, que está a ser julgado por tentativas de subversão após a última eleição.
O governo brasileiro, por sua vez, continua a esperar uma resposta a uma proposta de negociação sobre comércio bilateral apresentada em maio a Washington e expressou a sua desaprovação face à imposição de novas tarifas pelos EUA.