"Marques Mendes critica apoio do PSD a Isaltino Morais"

Luís Marques Mendes, candidato à presidência, expressou, na passada sexta-feira, a sua oposição ao apoio que o Partido Social Democrata (PSD) decidiu oferecer a Isaltino Morais nas autárquicas agendadas para 12 de outubro.

Em entrevista à SIC Notícias, Marques Mendes revelou que se ainda fosse o líder do partido, manter-se-ia "coerente" com a decisão que tomou há 20 anos, aquando da sua liderança, a qual divergia daquela que foi recentemente adotada.

“Se estivesse no lugar de decidir, optaria pela mesma escolha que fiz há duas décadas. Isso é, uma decisão oposta à que foi feita agora”, declarou.

Marques Mendes prosseguiu, afirmando que, embora não tenha poder de decisão, apenas pretende sublinhar a sua visão divergente, caracterizando este posicionamento como um ato de "coerência" e "independência".

Recorde-se que o PSD anunciou, na terça-feira, o seu apoio à candidatura de Isaltino Morais em Oeiras, bem como a de Maria das Dores Meira em Setúbal e a recandidatura de Luís Filipe Menezes em Gaia.

No dia seguinte, Isaltino Morais reafirmou a sua posição independente, no entanto, considerou que “todo o apoio é bem-vindo” e que o apoio do PSD é um reconhecimento das “políticas sociais-democratas” que têm sido implementadas ao longo da sua gestão.

“A minha candidatura é independente, mas todo o apoio é bem-vindo. O respaldo do PSD indica que o partido se identifica com as políticas sociais-democratas desenvolvidas por este movimento independente nos últimos anos”, afirmou Morais numa declaração à Lusa.

Isaltino, que já ocupou funções como ministro das Cidades e Ambiente, foi presidente da Câmara de Oeiras pela primeira vez em 1985 através das listas do PSD, renovando o mandato diversas vezes até 2001.

O ex-autarca voltou a ser reeleito como independente em 2005 e 2009, mas interrompeu o mandato em 2013 devido a uma condenação por fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Após afastar-se do PSD em 2005, voltou a candidatar-se em 2017, e novamente em 2021, sempre como independente, tendo obtido sucesso em ambos os pleitos.

Este ano, as autárquicas representam a última oportunidade para Isaltino concorrer ao município, devido ao limite de mandatos.

Nos anos de 2002 a 2003, Isaltino integrou o governo PSD/CDS-PP, mas saiu ao alegar falta de condições para continuar no cargo, após ser alvo de uma investigação referente a contas na Suíça.

Atualmente, Isaltino governa Oeiras com uma maioria absoluta, contando com um executivo composto por membros do movimento IN-OV e outros vereadores de diferentes partidos.