Hutus Utilizam Redes Sociais para o Comércio Ilegal de Armas
Grupo relacionado com os hutis no Iémen está a explorar plataformas digitais para vender armamento, incluindo peças identificadas como propriedade dos EUA e da NATO.

Traficantes de armas associados aos hutis, um grupo militar islâmico no Iémen apoiado pelo Irão, têm vindo a utilizar redes sociais como o X e plataformas da Meta (Facebook, WhatsApp e Instagram) para comercializar armamento de forma ilícita.
De acordo com imagens analisadas pelo Projeto de Transparência Tecnológica, sediado em Washington DC, algumas armas foram claramente rotuladas como “propriedade do governo dos Estados Unidos”, e o relatório também verifica a presença de armamento carimbado pela NATO.
Estes esquemas de venda já se estabelecem há anos. Os traficantes disponibilizam as armas em marketplaces das redes sociais, operacionalizando negócios sem que haja uma intervenção significativa por parte das empresas envolvidas. Apesar da proibição de venda de armas nas plataformas X e Meta, muitas contas, incluindo perfis verificados, permanecem ativas e aparentemente ignoradas.
Em declarações ao The Guardian, a diretora do Projeto de Transparência Tecnológica levantou preocupações sobre como tanto o X como o WhatsApp, apesar de terem diretrizes claras contra o uso de armas, têm permitido que indivíduos ligados a grupos considerados terroristas pelos EUA continuem a operar nas suas plataformas. "Em certos contextos, estas empresas podem estar a gerar lucros a partir da violação das suas próprias políticas, o que representa um risco significativo para a segurança nacional norte-americana", afirmou.
No X, a maior parte das contas identificadas está localizada em Sanaa, a capital do Iémen, e muitas promovem abertamente conteúdos a favor dos hutis. Curiosamente, três destas contas interagiram com uma publicação de Elon Musk, onde ele promoveu as suas próprias armas.
No total, foram identificadas 130 contas ativas no antigo Twitter e outras 67 no WhatsApp, comercializando uma variedade de armamento, desde espingardas a lançadores de granadas. Embora não se saiba ao certo quem são os compradores, o elevado preço de algumas armas, que pode atingir quase 10 mil euros, sugere que os adquirentes são, provavelmente, outros militantes dos hutis.