Mortes em Sweida ultrapassam 400 com aumento dos conflitos
O hospital de Sweida, na Síria, reportou a recepção de mais de 400 corpos desde segunda-feira, evidenciando a crescente violência entre grupos locais.

O hospital público de Sweida, uma cidade do sul da Síria com uma significativa população drusa, recebeu "mais de 400 corpos desde o início da semana", informou uma fonte vinculada ao hospital esta quarta-feira.
Omar Obeid, presidente da secção local da Ordem dos Médicos, destacou à agência France-Presse (AFP) que "não há espaço no necrotério, os corpos estão em plena rua" em frente à instituição.
Os conflitos iniciaram na noite de domingo, envolvendo combates entre drusos e tribos beduínas, antes de as forças do governo sírio entrarem em ação, sendo acusadas de agirem também contra grupos drusos.
Segundo as agências da ONU, este aumento da violência já resultou na deslocação de pelo menos 60 mil pessoas, sendo difícil estimar o número real de vítimas mortais.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) declarou que os deslocamentos ocorreram apenas nos últimos três dias e que a organização, a única com presença direta na cidade, retirou os seus 18 colaboradores devido à insegurança.
Ainda assim, o ACNUR já tinha preparado fornecimentos de emergência e trabalha na implementação de centros de abrigo colectivo para as vítimas da violência.
Uma porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos da ONU em Genebra referiu que foram obtidas informações de familiares de vítimas e testemunhas, enquanto relatórios de abusos incluindo execuções sumárias e pilhagens chegaram até a agência através de fontes credíveis.
Os supostos responsáveis pelos abusos incluem tanto membros da segurança nacional como grupos armados locais, envolvendo tanto drusos quanto beduínos.
As autoridades sírias rejeitaram as alegações de que estavam a preparar um novo destacamento militar em Sweida, no contexto do aumento das tensões.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) reportou que desde o início dos confrontos na semana passada, mais de 590 pessoas perderam a vida em confrontos entre milicianos drusos e beduínos que contam com o apoio de tribos árabes e forças de segurança.
A escalada da situação levou Israel a bombardear posições de tropas do governo em Sweida, incluindo a sede do Ministério da Defesa sírio em Damasco, com a ameaça de tomar novas medidas para proteger a minoria drusa que reside em Israel.
As forças que derrubaram o regime do ex-presidente Bashar al-Assad, sob a liderança do grupo militante islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), prometeram trabalhar para estabilizar a região.