Nova Editora Laika Surge para Diversificar o Panorama Literário Nacional
A Laika Edições, uma editora independente de Castelo Branco, visa publicar obras não disponíveis em Portugal, destacando autores ainda desconhecidos.

A Laika Edições, uma nova editora independente situada em Castelo Branco, foi criada com o intuito de mitigar "uma certa escassez" literária em Portugal. Lançou recentemente os seus dois primeiros títulos, focando especialmente em autores inéditos e produções cuidadosamente elaboradas.
Com uma equipa reduzida, composta por apenas duas pessoas sem experiência anterior no setor editorial, a Laika promove uma abordagem generalista, focando em romance, poesia e contos, sempre guiada por critérios emocionais e literários.
Rodrigues Neves, um dos fundadores, destacou: "A nossa intenção é publicar literatura que nos tenha fascinado ao longo dos anos e que, tragicamente, ainda não possui edição em Portugal." A editores sentem a necessidade de explorar literatura em outras línguas devido à falta de espaço para muitas obras desejadas, levando-os a recorrer a livros importados.
Um exemplo notável é a autora Micheliny Verunschk, cujos trabalhos, amplamente premiados e reconhecidos no Brasil, ainda não tinham chegado a Portugal. "O som do rugido da onça", um romance vencedor do Prémio Jabuti em 2022, e a coleção poética "Alecrim Recém Cortado", do espanhol Juan Carlos Panduro, são os primeiros lançamentos da editora nas livrarias.
O romance de Verunschk, com capa desenhada por Joana Estrela, explora temas como o colonialismo e a memória através da narrativa de duas crianças indígenas raptadas no século XIX, ligando-a à vida de uma jovem no Brasil atual. "Alecrim recém cortado", traduzido por Ana Filipa Pires, é uma obra poética que mergulha na expressividade cultural da Extremadura.
Nos próximos meses, a Laika planeia lançar novas obras de autores como Pol Guasch, Prabda Yoon, Patrizia Cavalli e Richard Siken, além de seguir publicando Micheliny Verunschk. "Estamos sempre de olho na literatura ibero-americana e prevemos novidades num futuro próximo, estando a analisar originais", acrescentou.
A editora ressalta a importância da estética e do design gráfico nas suas edições, considerando-as prioritárias. Neves explicou que a capa de "O som do rugido da onça" deve evocar um toque infantil e, ao mesmo tempo, ser impactante, refletindo a perspetiva de uma criança. Em relação a "Alecrim recém cortado", a intenção era captar a essência "kitsch" e vibrante dos poemas, algo que Diogo Potes conseguiu transmitir em sua capa.
A editora, que inicialmente foi concebida em Lisboa, decidiu estabelecer-se em Castelo Branco por razões pessoais e pela procura de alternativas à crise habitacional, além de buscar diversificar o circuito literário, tipicamente centrado nas grandes cidades.
A Laika continua a conta com o apoio de tradutores, revisores e ilustradores para enriquecer o processo de publicação, mantendo um olhar atento ao movimento independente no mercado literário.