Economia

Novo recibo salarial revela encargos de 29 empresas a 90 mil trabalhadores

Através de um novo modelo de recibo salarial, 29 empresas em Portugal mostram os encargos que suportam com os seus funcionários. A expectativa é que mais de 226 mil trabalhadores venham a beneficiar desta transparência.

há 6 horas
Novo recibo salarial revela encargos de 29 empresas a 90 mil trabalhadores

A Associação Business Roundtable Portugal (BRP) anunciou que o seu novo modelo de recibo de vencimento, criado em 2024, já abrange 90 mil trabalhadores de 29 grandes empresas. Este recibo visa proporcionar uma visão clara sobre o valor do trabalho e os respetivos descontos, conforme informou o secretário-geral da BRP, Pedro Ginjeira do Nascimento.

O recibo não apenas detalha os descontos do trabalhador, como a retenção na fonte do IRS e o desconto de 11% para a Segurança Social, mas também inclui o encargo de 23,75% que o empregador suporta através da Taxa Social Única (TSU). Este modelo foi adotado no seu primeiro ano por sete empresas e já conta com nomes como Amorim, BA Glass e EDP.

A BRP antecipa que, com a colaboração da empresa de software de gestão SAP, este modelo possa atingir, em breve, mais 226 mil trabalhadores, uma vez que a SAP disponibiliza o novo recibo para as mais de 120 empresas que são seus clientes.

Sobre a questão do salário mínimo, atualmente fixado em 870 euros, Ginjeira do Nascimento sublinhou que a carga total para a empresa chega a 1.076,63 euros mensais, pois inclui a TSU, enquanto o trabalhador recebe um líquido de apenas 774,30 euros após os seus descontos.

Criticando a carga fiscal em Portugal, que considera um "garrote fiscal", a BRP argumenta que a soma da TSU e do IRS resulta em encargos que dificultam a valorização do trabalho. Por exemplo, um aumento de 150 euros a um trabalhador com salário mínimo implica um custo adicional de 186 euros para a empresa, com o trabalhador recebendo apenas 67 euros líquidos.

Num cenário de um salário de 2.000 euros, um aumento bruto de 350 euros traduz-se em 433 euros de custo total para a empresa, enquanto o trabalhador vê apenas 191 euros disponíveis. Esta realidade evidencia como os impostos podem absorver os esforços de valorização salarial, comprometendo o rendimento disponível.

A BRP é composta por 43 líderes empresariais que geram receitas globais de 124 mil milhões de euros e empregam 424 mil pessoas, das quais 218 mil em Portugal.

A TSU, atualmente fixada em 23,75% para o empregador e 11% para o trabalhador, serve para financiar a Segurança Social e assegura diversas prestações sociais, enquanto o IRS contribui diretamente para o Orçamento do Estado.

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